Adolescentes aprendizes entre 14 e 18 anos que são de casas de acolhimento são o foco do Portas para o Futuro, projeto estratégico desenvolvido pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul em parceria com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Estado. A ideia é que os órgãos parceiros empreguem estes jovens, possibilitando uma bolsa de auxílio e formações educacionais.
A aliança foi firmada na noite desta quarta-feira (27), no hall do teatro Bourbon Country, que promoveu a assinatura do termo de compromisso e o lançamento de uma exposição fotográfica que retrata a realidade dos jovens atendidos, em cliques do irlandês Jason Lowe. O evento também teve uma palestra-show com a cantora Elisa Lucinda.
O Portas para o Futuro começou a tomar forma após a Justiça Federal do RS se unir a outras duas empresas: o Banrisul, que financia a bolsa de adolescentes contratados pelo programa; e o CIEE, que fornece cursos de formação um dia por semana. Metade da bolsa-auxílio é dada aos aprendizes e a outra parte é depositada em uma poupança, em que o estudante terá acesso após completar 18 anos.
Em média, as casas de acolhimento atendem cerca de 1 mil adolescentes e, anualmente, 70 deles deixam as residências quando chegam à maioridade. Este número justifica a preocupação das instituições em se fazer algo para capacitar e dar esperança aos jovens.
— Não se trata de uma ação institucional, e sim de mostrar nosso dever de organização pública de agir para auxiliar estes jovens. Depois dos 18 anos, estes menores “desaparecem”. Queremos mostrar que a sociedade e as empresas precisam ajudar de alguma forma — acredita a juíza federal Daniela Tocchetto Cavalheiro, diretora do Foro da Seção Judiciária do RS.
Projetos semelhantes em outros Estados mostram que houve uma redução do índice de reincidência de trabalho infantil e aumento na taxa de inclusão de jovens no mercado de trabalho. Isto deve ser sentido no Rio Grande do Sul em breve, conforme esperado pelo procurador geral do Ministério Público do Trabalho, Ronaldo Fleury:
— Pretendemos realizar parcerias com entidades sindicais e empresas privadas e públicas, para fomentar esta iniciativa. A OAB/RS já se mostrou interessada em participar — adianta.
Certificação e aprendizagem
Empresas interessadas em oferecer vagas a estes jovens e a fim de realizar parcerias receberão um selo virtual do Portas para o Futuro, a ser incluído em seus portais, para que a sociedade veja esta abertura para estes novos profissionais.
— Se não oportunizarmos, como eles vão se manter? Ir para as ruas? Estamos aqui reunidos para que isso não aconteça. Às vezes, como diz o slogan, só falta que nos abram as portas — acredita Cinara Vianna Dutra Braga, promotora de Justiça de Juventude e Infância de Porto Alegre.
O mais importante da iniciativa é manter o equilíbrio entre duas frentes: a aprendizagem e o crescimento econômico. Este viés é compartilhado por Martin Hahn, diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que esteve no lançamento do Portas para o Futuro em Porto Alegre, celebrando o projeto e os cem anos da instituição.
Segundo Hahn, o órgão busca fomentar projetos semelhantes em todo o país que se preocupem em zerar os índices de trabalho infantil e ampliar as possibilidades de emprego aos adolescentes.
> Exposição fotográfica “Aprendizando Porto Alegre”, de Jason Lowe, segue em cartaz no átrio do Bourbon Country, até o dia 29.