A jornada varia de 11 horas – um dia leve – a até 14 horas de dedicação exclusiva por dia. O pouco tempo que sobra é dividido entre o necessário descanso e as obrigações pessoais que qualquer pessoa tem. Essa rotina no limite do relógio poderia ser a de um alto executivo pressionado por acionistas em uma grande empresa ou a de um pequeno empreendedor tocando o próprio negócio. Mas, no caso, é a vida de um jogador de videogame profissional.
Mais especificamente, é o cotidiano da equipe KaBuM!, que conquistou o Tricampeonato Brasileiro do game League of Legends (LoL) em Porto Alegre, no sábado passado (8). O evento lotou o Auditório Araújo Vianna, no Parque da Redenção, com cerca de 3 mil fãs que pagaram cada um R$ 80 pelo ingresso.
– O jogo tem de ser a função principal de um pró player (jogador profissional), já que é uma coisa que requer muito tempo e dedicação. Torna quase impossível ter mais um compromisso além desse, para se jogar em alto nível – explica um dos integrantes do time, o mineiro Lucas "Zantins" Zanqueta, de 25 anos.
Para quem chegou agora, o assunto não é novidade. O Campeonato Brasileiro de Leag Of Legends (CBLoL) existe desde 2012, e desde então só cresce de proporção. Seus jogadores profissionais são contratados por equipes e ganham salários. A remuneração média profissional no Brasil gira em torno de R$ 4 mil, mas pode alcançar até R$ 15 mil por mês, segundo levantamento da SportTV realizado neste ano.
Esporte eletrônico também desgasta
Mas dinheiro não tem sido o problema para a indústria do LoL. Desenvolvido pela empresa americana Riot Games, o jogo de estratégia conta com mais de 100 milhões de praticantes no mundo, um mercado que movimenta cerca de US$ 700 milhões por ano. No game, duas equipes de personagens chamados de campeões, cada um com design e habilidades únicas, lutam em diversos campos de batalha com a finalidade de chegar à base do adversário e vencer.
O KaBuM! é formado por cinco jogadores, além de três reservas mais a comissão técnica. Quando não estão nos campeonatos, o dia a dia desses jovens (idades entre 18 e 25 anos) é gastar o teclado do computador se preparando. Basicamente, são treinos coletivos, que giram em torno de 8 horas diárias, e treinos individuais, que variam de 3 a 6 horas por dia. Mas, como todo trabalho árduo, o desgaste chega mais cedo ou mais tarde.
– O jogador de esporte eletrônico, geralmente, se aposenta por desgaste mental, por já estar muito tempo no meio e não sentir mais a vontade de se dedicar e aprimorar ou manter suas habilidades. Mas, acredito que com uma atenção a mais nesse sentido, o "prazo de validade" de um pro player pode aumentar consideravelmente – avalia Zantins.
Mundial é o desafio na Coreia do Sul
Com o caneco na mão (além de um prêmio de R$ 70 mil), a KaBuM! tem um novo e grande objetivo: conquistar o título Mundial de LoL, que será disputado na Coreia do Sul, em outubro. A consagração em Porto Alegre a tornou a primeira equipe brasileira a ir para o Mundial duas vezes. E a motivação gerada pela disputa promete ser o grande trunfo da KaBuM!.
– Ter a oportunidade de representar seu país em um campeonato internacional é algo almejável por todo jogador. Eu sempre digo que é o objetivo principal de um pro player. Então, nossa preparação vai ser muito mais árdua e intensa para estarmos na nossa melhor forma quando chegar a hora – promete o gamer.
Estrutura para garantir essa melhor forma existe. A KaBuM! e-Sports, criada em 2013, é sediada na capital paulista e oferece assistência psicológica aos jogadores. E uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de marketing, comunicação, administração e comunicação fica permanentemente mobilizada para que os gamers só se preocupem com uma coisa: jogar LoL.