Estávamos em um bairro periférico de Uruguaiana, a mais de 600 quilômetros de Porto Alegre, quando as primeiras entidades começaram a baixar e incorporar em quem permanecia por perto. Mãe Catita de Oxalá pousou um manto vermelho sobre a indumentária branca, e de repente todos fizeram fila para se ajoelhar diante de sua figura. Homens e mulheres começaram a girar como piões impulsionados pela batida do tambor. Em seguida, gritos, palavras incompreensíveis, copos e charutos começaram a circular pelo salão. Meia centena de pessoas caminhava, dançava, falava e se cumprimentava em transe. Diante de todos, um congá, o altar da umbanda, com quase quatro metros de altura, exibia divindades de diferentes tradições. Ali, santos católicos representam orixás africanos, em um sincretismo peculiar da fé brasileira – mas que se espalha a partir da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul para o Uruguai e a Argentina.
Singular
Nos terreiros de Uruguaiana: cidade "exporta" religiões afro para países do Prata
Estimativa é de que haja 400 casas de pais e mães de santo no município da fronteira. GaúchaZH visitou alguns deles para entender o fenômeno de expansão em direção a Argentina e Uruguai
Alexandre Lucchese