Para além do início do Brasileirão e do desenrolar da Copa do Brasil, Porto Alegre deve vibrar, de 14 a 15 de abril, com outro campeonato nacional de futebol. A competição tem apenas uma especificidade: os times serão formados por integrantes da Liga Nacional de Futebol Gay (LiGay). Em sua segunda edição, a Champions LiGay contará com 12 equipes amadoras – das quais duas são gaúchas –, 260 atletas e deve atrair cerca de 1,5 mil pessoas para a cidade. Tudo pela igualdade no esporte.
Coordenador do porto-alegrense Magia Sport Club, time anfitrião do campeonato, o bancário (e zagueiro) Carlos Renan Evaldt, 40 anos, destaca que criar uma liga apenas com equipes formadas por atletas homossexuais é uma forma de reunir quem gosta de futebol, mas que se afastou do esporte por ter sofrido, na infância e adolescência, preconceito.
— Já combinamos de fazer jogos amistosos com times que desmarcaram depois de saberem que éramos todos homossexuais. LGBTs representam 10% da população brasileira, mas não há jogadores profissionais declaradamente gays no Brasil. Há preconceito. É o mesmo quando negros criaram a Liga dos Canelas Pretas em Porto Alegre para provar que tinham a mesma capacidade de jogar que os brancos. Queremos que, daqui 10 anos, não precisemos de uma liga para a gente. Criamos a LiGay para dizer que estamos aqui, existimos e jogamos. E jogamos bem — defende Evaldt, que é integrante da comissão organizadora da Champions LiGay em Porto Alegre.
No ano passado, o Magia Sport Club, que existe há 13 anos, ficou em quarto lugar no torneio. Neste ano, a expectativa é se sair melhor. Só que será preciso jogar ao lado de outro time gaúcho: o S. C. PampaCats, formado há apenas cinco meses. Coordenador do time, o advogado Rogério Dervanoski, 28, defende que as partidas também são momento para fazer novos amigos.
— Eu sempre vivi numa bolha, joguei com héteros e nunca sofri preconceito. Mas muitas pessoas não. Vemos o quanto muitos se sentem felizes e acolhidos quando estão com a gente. Eles sabem que, aqui, podem jogar como quiserem e que não serão xingados. É um ambiente acolhedor. E, além disso, as pessoas vêm para ter um grupo de amigos. Aqui todo mundo pode compartilhar sua história e não será constrangido por ser gay — destaca o goleiro.
O PampaCats é uma equipe poliesportiva: além de futebol, também conta com time de vôlei, irá inaugurar grupos de corrida e de ciclismo após o Carnaval e planeja montar um time de handebol.
Agora, resta torcer: os dois times gaudérios terão que enfrentar, no complexo esportivo Soccer City (Rua Lauro Muller, 700, bairro Navegantes), em Porto Alegre, os craques das equipes BeesCats (RJ), Alligaytors (RJ), Futeboys (SP), Bulls (SP), Afronte (SP), Unicorns (SP), Bravus (DF), Bharbixas (MG), Capivaras (PR) e Sereyos (SC). O melhor jogador receberá patrocínio da agência de turismo Planeta Brasil Incoming para disputar os Gay Games Paris 2018, equivalente às Olimpíadas.
Além dos jogos, o campeonato terá festa de boas-vindas um dia antes, apresentações artísticas e a organização receberá alimentos não perecíveis para doação. A entrada será gratuita.
Os times Magia e PampaCats estão abertos ao público:
Magia Sport Club
Treinos de futebol abertos ao público
Quando? Terças-feiras, 21h
Onde? Mundo dos Esportes (Rua Conde de Porto Alegre, 61, bairro São Geraldo)
Quanto? Rachar aluguel da quadra.
Contato: (51) 9-9271-8224 ou Instagram e Facebook @magiasportclub
S.C. PampaCats
Treinos de futebol abertos ao público:
Quando? Segundas-feiras, 21h30min
Onde? Soccer Associados (Farrapos, 440, bairro Floresta)
Quanto: Rachar aluguel da quadra.
Treinos de vôlei abertos ao público:
Quando? Quartas-feiras, 20h e sábados, 16h
Onde? Centro Esportivo da PUC, Avenida Ipiranga 6.690
Grupos de corrida e de ciclismo abertos ao público:
Quando: Construção, com previsão para domingos de manhã
Handebol: em construção
Contato: (51) 9-8939-0605 ou Instagram e Facebook @pampacats