Uma reportagem para faculdade deu o que falar. Perguntei no grupo de torcidas das redes sociais, de Inter e Grêmio, sobre o que acham da homossexualidade em suas arquibancadas.
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Certos fanáticos continuam achando que lugar de p... (palavreado deles) é no estádio do adversário, e tem a parte que compreende e faz defesa: os homossexuais devem e têm o direito de frequentar o ambiente esportivo do mundo inteiro, como mulheres e filhos, havendo um mundo melhor a ser construído.
Alguns LGBT não gostam de assistir a aquele gol, aquela cobrança de falta e o nervoso pênalti. Outros acabam evitando ir ao estádio por conta dos preconceitos e ameaças. Nos próprios refrões de suas músicas de guerra, os torcedores dizem não perceber (até agora) que às vezes gritam palavras homofóbicas e, até mesmo, racistas. Cantam por amor à rivalidade Gre-Nal, e ter gay gritando "gooool!" é considerado vergonhoso, destruindo a imagem de seu clube.
A 77, torcida organizada da Arena, está quebrando tabu. Levar bandeira em defesa à comunidade LGBT e lembrar a história da Coligay, famosa na década de 1970 no antigo Estádio Olímpico, está chamando atenção e dando o que falar. E se o Tricolor de todas as cores (título do livro do jornalista Léo Gerchmann) voltasse à Arena? Houve um retrocesso nesse sentido, pois havia mais harmonia e respeito com estas diferenças na época do Mundial de 1983.
– Jogador não pode sair do armário, pois perde sua carreira de vários gols e conquistas – escutei isto de um colega.
Uma pura verdade, pois a torcida vaia e esculacha. Teve aqueles que se revelaram nos anos 1990, como o britânico Justin Fashanu, que se suicidou por sua decadência e acusações de assédio. Mas Robbie Roger foi guerreiro. Após o americano abandonar sua carreira por pouco meses em 2013 por conta se assumir, admitiu que foi covarde e que tem plataforma para expor suas ideias para ser exemplo.
Estamos no século 21. E ainda creio que o preconceito está muito vivo, infelizmente. Pois não vejo uma educação de qualidade que ensina a todos que ser diferente é ser normal, e que todos têm os mesmos direitos. Cada ser humano pensa de uma maneira diferente, concordam ou discordam, dando, às vezes, grandes discussões e repercussões.