Representantes da comunidade judaica se reuniram na noite desta quarta-feira (13) no segundo andar do Shopping Iguatemi, para celebrar o Chanucá, o Festival das Luzes. A cerimônia marcou, de forma pública em Porto Alegre, o início de uma das festas mais importantes do ano para o judaísmo.
O Chanucá ("inauguração", em hebraico) celebra a preservação do espírito de Israel, a perseverança frente a obstáculos e a liberdade de exercer a religião. As festividades começam sempre em 25 do mês judaico de Kislev – em 2017, ele caiu em 12 de dezembro.
Durante oito dias, lares judaicos e sinagogas do mundo inteiro acendem, diariamente, as velas da Menorá, o candelabro de nove braços. O momento, que ocorre à noite, reúne toda a família. No período, a comunidade judaica tem o hábito de comer frituras – como sonhos, por exemplo –, uma referência a um milagre que teria ocorrido no Templo Sagrado de Jerusalém.
— O Chanucá representa a própria história do povo judeu, que nunca se entregou e que fez luz da escuridão. A Menorá tem a simbologia de mostrar que nunca devemos estar satisfeitos e que não nos intimidamos com a perseguição — explica Mendel Liberow, rabino há mais de 30 anos.
A tradição remonta a mais de 2,2 mil anos, época em que Israel era dominada pelos gregos. Os macabeus, grupo de resistência judeu, venceram uma batalha contra o exército do rei Antiocus. Como autoridade máxima, ele impunha a todos a cultura greco-helenista e impedia a manifestação pública do judaísmo como religião.
Com a vitória, os macabeus retomaram a posse do Tempo Sagrado de Jerusalém – consequentemente, a liberdade de exercerem a religião de forma pública. Na cerimônia de purificação do local, um milagre teria ocorrido: as velas da Menorá do templo ficaram acesas por oito dias com azeite encontrado ali mesmo, apesar de a quantidade ser suficiente para apenas um dia. O tempo era exatamente o necessário para os macabeus conseguiram mais óleo – daí o hábito de comer frituras durante o Festival das Luzes.
— O povo judeu é um povo de memória. A Menorá tem o simbolismo moderno de iluminar ambientes, trazer a verdade e oferecer luz para todos — diz o presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Zalmir Chwartzmann.
A cerimônia começou por volta das 19h30min e contou com algumas palavras do rabino Liberow, do presidente da Sociedade Beneficente e Cultural Beit Lubavitch, Gilberto Terner, e do presidente da Federação Israelita. Todos lembraram a resistência do povo judeu frente a adversidades e do Chanucá como metáfora pela liberdade de expressão.
Ao fim da cerimônia, as lideranças acenderam uma Menorá elétrica – a tradição envolve velas de verdade, mas a cerimônia dentro do shopping Iguatemi impediu que houvesse fogo. Com as velas "acesas", todos desejaram um feliz Chanucá, em meio a uma salva de palmas e sorrisos, seguida por uma confraternização.