Para marcar a passagem do Dia Mundial de Combate ao Bullying, neste 20 de outubro, o Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, está promovendo a mostra interativa Em seu Lugar, que ressalta a importância de entender e respeitar o outro – um experimento que convida a sentir, na prática, o que é empatia.
Em uma sala da escola localizada no bairro Três Figueiras, criou-se um ambiente intimista, com pouca luz e alguns espelhos. Cada visitante que entra escolhe uma caixa contendo um tablet, fones de ouvido, uma venda para os olhos e um objeto que representa a pessoa que tem sua história real contada em áudio. Os personagens dos relatos apresentados são alunos, familiares e professores, ligados ou não à instituição. Extrapolando o conceito de bullying – definido como a prática repetitiva de intimidação, humilhação ou discriminação que ocorre entre pares, como colegas de aula ou vizinhos –, as narrativas abarcam dramas diversos da vida cotidiana, em diferentes esferas de convívio.
Os depoimentos gravados por alunos do grupo de teatro contêm episódios de violência física e psicológica, deboche e isolamento em sala de aula, desintegração familiar, abandono na infância, preconceito racial e problemas de saúde. A inspiração para o projeto foi o Museu da Empatia, iniciativa lançada em Londres, em 2015, que propõe atividades como calçar os sapatos de alguém e tentar se conectar com essa pessoa para compreender o que ela vive.
Na fase de produção da exposição, segundo Greicy Boness de Araujo, psicóloga do Farroupilha, houve uma preocupação em selecionar histórias que tivessem um desfecho positivo para transmitir a mensagem de que é possível superar adversidades.
– Se o aluno for mais empático com o outro, vai conseguir ser mais tolerante e respeitar mais as diferenças. Quando a gente proporciona esses momentos para diálogo, conseguimos ter espaço para explicitar os conflitos, ouvir os alunos e minimizar o desrespeito – diz Greicy.
Alunos do 9º ano do Ensino Fundamental foram os primeiros a conhecer as instalações de Em seu Lugar, na manhã desta sexta-feira. Depois que todos ouviram os depoimentos, a professora Vera Giorgetta deu início a uma discussão, pedindo ao grupo que compartilhasse suas impressões.
– O objetivo é que a gente pare e pense: e o outro? – provocou Vera.
Tiago Jakubowski Jaeger, 15 anos, conheceu a história de uma professora que teve de se afastar da família e enfrentar a solidão para conseguir um emprego melhor.
– Mesmo com as dificuldades, a gente tem que seguir em frente com nossos sonhos profissionais – concluiu o adolescente, que pretende cursar Medicina.
Gabriela Kersten Sobreiro, 14 anos, gostou da sensação de ter os olhos cobertos:
– Comecei a me sentir dentro da história. Você consegue entender o que passa pela cabeça da pessoa, o que ela sente.
O áudio sobre um menino que apanhava da avó e sofria bullying no colégio por causa do sobrepeso comoveu Mariana Kude Perrone, 14 anos.
– Tanto alunos quanto professores têm muito a aprender. A gente tem que aprender a aceitar nossos colegas, independentemente das características físicas, econômicas, de religião. Tem que ajudar as pessoas que estão procurando por ajuda, mesmo se elas não pedem ajuda. Muitas vezes, elas acabam não falando, mesmo quando estão gritando por dentro – opina Mariana.
A exposição seguirá aberta até o próximo dia 27, para visitação apenas de estudantes, familiares e professores ligados ao Colégio Farroupilha.