A decisão de um juiz que abre margem para as controversas terapias de "reversão sexual" foi um dos temas da conversa do médico Drauzio Varella com os apresentadores do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (21). Drauzio disse que a discussão sobre a homossexualidade ser ou não uma doença já está ultrapassada na medicina.
– Você não encontra hoje um médico civilizado que considere a homossexualidade uma doença. Na sentença do juiz, ele não disse que os homossexuais precisam de tratamento, ele apenas garantiu o direito dos psicólogos de tratar essas pessoas. A homossexualidade se impõe da mesma forma que a heterossexualidade, essa discussão sobre o tratamento não tem o menor sentido. Tentar reverter a homossexualidade é o mesmo que tentar transformar um heterossexual em homossexual. Você pode controlar o comportamento de uma pessoa, mas não o desejo dela – disse o médico.
Foi uma conversa descontraída e que abordou diversos assuntos. Por exemplo: Drauzio acha que as pessoas precisam parar de tratar o sol como um inimigo.
– O sol é importante para adquirir vitamina D, é ela que ajuda o corpo a absorver o cálcio. Ficar em torno de 15 minutos no sol por dia sem filtro solar é suficiente. Nosso corpo troca 10% do esqueleto por ano, o que significa que a cada 10 anos fazemos um esqueleto novo. Mas essa renovação precisa de cálcio, ele é importante não só para os ossos como também para a comunicação entre as células. Se faltar cálcio, o organismo tira dos ossos, por isso pegar sol é tão importante – afirmou o médico.
Sobre a fosfoetanolamina – conhecida como pílula do câncer – e os tratamentos alternativos para a doença, Drauzio contou que, quando surgiu o composto, fez um quadro no Fantástico alertando as pessoas de que não existe um medicamento único capaz de curar todos os tipos de câncer. Segundo ele, é muito frequente os pacientes abandonarem o tratamento médico para recorrer a outros meios, mas ele garante que nunca viu ninguém se beneficiar com isso. O médico acrescentou que ciência e religião são antagônicas.
Não posso dizer a alguém resfriado para ir rezar
Drauzio Varella
– A medicina tem que ser baseada na ciência, não pode ser baseada na fé. Como médico, não posso dizer a alguém que está resfriado ir para a igreja rezar. Isso não é medicina – comentou.
Drauzio falou ainda sobre o problema da obesidade no Brasil. Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou uma proposta para elevar o preço de bebidas açucaradas, como sucos e refrigerantes, uma ação apontada pela Organização Mundial da Saúde como fundamental para reduzir e prevenir a obesidade.
O médico disse que a epidemia de obesidade é um assunto grave, uma vez que, no Brasil, 52% da população adulta é obesa. Ele alerta que o excesso de peso costuma estar acompanhado de um pacote que inclui diabete, hipertensão, problemas articulares e vasculares.
– Todos os problemas ligados à obesidade exigem um tratamento complexo. Então imaginem o que essa situação representa para a saúde pública. Não há um consenso sobre o impacto dos refrigerantes nisso, mas precisamos, sim, de medidas para resolver o assunto – disse Drauzio.