A polêmica sobre a decisão de abater cerca de 300 animais do Pampas Safari, em Gravataí, por conta de tuberculose ganhou novos ingredientes nesta sexta-feira (25). O Ibama, a quem inicialmente foi atribuída a determinação, disse que essa foi uma resolução da família proprietária do parque – que segue incomunicável.
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Como foi determinado o sacrifício dos animais?
Segundo o Ibama, a decisão foi tomada pelos proprietários do Pampas Safari por não terem conseguido atender às exigências sanitárias impostas para manter o funcionamento do parque – fechado em novembro sem que a tuberculose nos animais fosse controlada. Laudos já haviam identificado, em anos anteriores, a presença da doença. Representantes do Ministério Público Federal (MPF), das secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado e do Ibama acompanham o encerramento definitivo das atividades do empreendimento.
O que dizem esses laudos?
Laudos produzidos pela Faculdade de Veterinária da UFRGS em 2012 e por um laboratório veterinário em Porto Alegre em 2014 apontaram para o diagnóstico de tuberculose em animais encontrados mortos no Pampas Safari. Foram observadas lesões causadas pela doença no pulmão de um cervo fêmea com aproximadamente um ano de idade e indícios de tuberculose em lhamas adultas.
Existe uma alternativa de tratamento aos animais doentes? Seria muito caro?
Conforme o Ibama, a disseminação de tuberculose entre os animais representaria um risco para espécimes sadios e também para a saúde humana. Veterinários avaliam que o tratamento de cada um, por ser custoso, seria inviável. Além disso, ainda segundo o Ibama, não há legislação que recomende tratar animais com tuberculose em situações como essa. Quanto aos animais saudáveis, uma alternativa seria o encaminhamento a um santuário, ou ainda a outros zoológicos em atividade, como uma passagem temporária.
Os abates são legais?
O Ibama diz que os donos do parque teriam prerrogativa para determinar o sacrifício de animais doentes e autoridade também para optar pelo abate dos saudáveis. O papel do Ibama é fiscalizar se essas ações são tomadas de acordo com a legislação: preservando a saúde pública e ambiental, evitando a proliferação da doença.
Os abates já começaram?
De acordo com o Ibama, 18 animais foram abatidos há cerca de 15 dias. Na quinta-feira, a Justiça do RS decidiu proibir, em caráter liminar, o sacrifício de animais do Pampas Safari. A decisão acolhe ação impetrada pela deputada estadual Regina Becker Fortunati (Rede) contra o estabelecimento.
Quantos animais estão no parque? Além dos 300 cervos, outros podem estar doentes?
O Pampas Safari ainda abrigaria, conforme cálculos aproximados do Ibama – que diz nunca ter recebido laudos completos informando o número de animais no local –, cerca de 500 animais, incluindo os cervos. Não se sabe quantos estão com tuberculose. As espécies silvestres ainda podem estar sujeitas ao abate enquanto não é encontrada uma solução para dar destino a elas.
A família proprietária pode ser responsabilizada judicialmente?
O Ibama entende que já houve punição com a determinação de fechamento do parque. Os donos teriam tentado atender às exigências sanitárias, mas não conseguiram – seja por falta de interesse, seja por falta de verba. O abate dos animais, segundo o Ibama, é autorizado legalmente. ZH vem desde quarta-feira buscando contato com a família proprietária do Pampas Safari, sem sucesso.