Com a promessa de resultados rápidos e sem muito esforço, muitas pessoas procuram nos anabolizantes uma maneira de ficar de bem com o espelho. Essa busca alimenta a produção e comercialização sem critérios desses produtos. Na manhã desta terça-feira (8), a Polícia Civil realiza operação para desarticular uma quadrilha de traficantes que vende drogas e anabolizantes na Região Metropolitana.
Apesar de trazer mudanças estéticas em um curto período de tempo, o uso desses produtos pode acarretar em uma série de problemas para saúde, a médio e a longo prazo, especialmente os comercializados no chamado mercado negro, que não têm certificação.
— O preço disso vem mais tarde. Eles podem provocar lesões hepáticas muito grandes, inflamação do fígado e evoluir para quadros de cirrose ou câncer. Hormônios podem ter um ganho grande, mas as custas de um risco enorme — diz a endocrinologista Graciele Tombini.
Outros produtos muito populares entre os frequentadores de academia são os suplementos alimentares que, embora seguros quando usados com orientação profissional, devem ser consumidos com cautela.
Entenda a diferença de cada um e as implicações que podem trazer à saúde
Anabolizantes hormonais
Geralmente produzidos à base de testosterona, esses produtos são capazes de apresentar resultados muito rápidos e, em alguns casos, duradouros. Contudo, as doses utilizadas para fins estéticos extrapolam todos os limites, podendo causar infertilidade em homens e mulheres, problemas de fígado – cirrose, câncer e lesões hepáticas graves. Fora isso, causam alterações físicas: mulheres podem perder cabelos, desenvolver mais pelos e acne, enquanto homens podem ter aumento das mamas.
— São drogas que têm pequenas indicações, em situações muito eventuais – destaca o endocrinologista Airton Golbert.
Pacientes que tenham perdido muita massa magra em função de uma doença ou que tenham problemas hormonais genéticos são alguns dos casos que poderiam ter indicação médica para uso dessas substâncias. Como têm prescrição restrita a fins clínicos, precisam de receita médica controlada, lembra Graciela.
Suplementos
São produtos que visam a melhorar a performance nas atividades físicas ou auxiliar no ganho de massa magra, em determinados casos. Os mais comuns são as proteínas, dentre as quais, destaca-se o whey protein, retirado a partir do soro do leite. Em pó, ele é dissolvido em água e consumido logo após atividades com grande desgaste muscular, como a musculação. Para fins similares, também existe BCAA, creatina e caseína. Como são vendidos em lojas especializadas sem prescrição, é preciso cautela na hora de consumir:
— É necessário ter orientação de um médico ou nutricionista para avaliar se há necessidade do uso. O consumo inadequado pode provocar sobrecarga hepática, renal, cardiovascular, além do aumento de peso — alerta a presidente do Conselho Regional de Nutricionistas da 2ª região, Glaube Rieger.
Também é preciso tomar cuidado com os suplementos termogênicos, substâncias que aceleram o metabolismo e os batimentos cardíacos e aumentam o gasto calórico. Além de oferecerem risco de problemas cardíacos, nem sempre esses produtos concentram apenas cafeína na fórmula.
Na hora de comprar um desses produtos é bom verificar se ele tem selo de certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).