O ministro da Saúde, Ricardo Barros, comentou na segunda-feira (15) pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que identificou oito mutações em sequências genéticas do vírus da febre amarela do surto de 2017. Segundo ele, a vacina continua eficaz contra a variação do vírus, no entanto afirmou que haverá avaliação sobre melhorias.
– Os resultados apontam que nossa vacina continua eficaz para esse vírus que sofreu a mutação. Evidentemente, vamos avaliar isso e ver se podemos fazer alguma melhoria que seja necessária.
A chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz, a pesquisadora e também coordenadora do estudo, Myrna Bonaldo, afastou qualquer possibilidade de a descoberta comprometer a eficácia da vacina contra a febre amarela.
– Não muda. É uma vacina que já está sendo administrada há 80 anos e que é muito eficaz – garantiu, completando que a alteração não está ocorrendo na principal proteína viral que são as proteínas da parte exterior do vírus e, por isso, não deve tornar o vírus menos imunogênico ou não.
– A vacina vai proteger certamente. Um exemplo disso é que, em qualquer lugar do mundo em que tem variantes do vírus de febre amarela, a vacina protege com a mesma eficácia, então, em princípio não muda nada.
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Agora, os estudos vão continuar para verificar de que forma a variação pode impactar na infecção em macacos, mosquitos e no homem. Outra pergunta que precisa ser respondida, de acordo com Myrna Bonaldo, é saber se as mudanças tornam o vírus mais agressivo, no sentido de infectar mais gravemente um hospedeiro, um vetor ou um mamífero. A pesquisadora apontou ainda que, até o momento, essas alterações não foram descritas em nenhum vírus de febre amarela, quer seja os vírus da África ou da América do Sul.
De acordo com o ministro, a Fiocruz fará o acompanhamento técnico dessa questão. Ao participar de evento hoje em São Paulo, Barros disse ainda que o país tem um estoque de 10 milhões de vacinas que serão aplicadas em áreas que antes não eram de recomendação e passarão agora a ter proteção para evitar que, em 2018, haja novo surto da doença.
Entenda o caso
Pesquisadores da Fiocruz identificaram oito mutações em sequências genéticas do vírus da febre amarela do surto de 2017, que estão associadas a proteínas envolvidas na replicação viral. A comprovação da mutação foi feita a partir dos primeiros sequenciamentos completos do genoma de amostras de dois macacos do tipo bugio encontrados em uma área de mata, no Espírito Santo, no fim de fevereiro deste ano.
Para os pesquisadores, as alterações genéticas não comprometem a eficiência da vacina contra a doença, mas a Fiocruz vai pesquisar se elas tornam o vírus mais agressivo. Os estudos mostraram que os microrganismos pertencem ao subtipo genético conhecido como linhagem Sul Americana 1E, que segundo os pesquisadores, é predominante no Brasil desde 2008.