Pelo menos duas vezes por mês, a família da comerciária Leila Machado da Silveira, 42 anos, vai fazer compras em um atacarejo na Capital em busca de preços mais baixos do que no supermercado. O alvo principal são os itens de alimentação. Atacarejos são mercados que vendem em quantidades maiores, mas que aceitam clientes do varejo, ou seja, consumidores que compram para si, e não para revender.
Moradora do Bairro Sarandi, na Zona Norte, ela e o marido têm motivos para manter essa rotina: são sete pessoas morando na mesma casa.
– Todos almoçamos em casa diariamente, se consome bastante feijão, arroz, açúcar, farinha. Então, para a gente, vale a pena nesses itens. Mas não compramos tudo no atacado, não – diz Leila.
Ela conta que o preço mais baixo, em razão da venda em maior quantidade, não é uma regra. É comum eles saírem do atacado e passarem no supermercado para completar as compras. A família de Leila representa uma parcela dos brasileiros que aposta nos atacados contra a inflação. Pesquisa da consultoria Quorum Brasil, de São Paulo, apontou que, de 2014 até este ano, a fatia de brasileiros que prefere estabelecimentos atacadistas triplicou, passando de 7% para 24%. Mas educadores financeiros alertam que não é uma solução mágica.
– Nem sempre comprar em atacado vai ser vantajoso. Antes de mais nada, é preciso saber se o preço unitário do item e, também, a quantidade a ser comprada é adequada ao ritmo de consumo – alerta o educador financeiro Jaques Diskin.
Leia mais
Sombra e água fresca por conta própria: veja dicas de sites para pesquisar hotéis, passagens e roteiros de viagem
Crise afeta vendas de material de construção e adia reformas de final de ano
Alimentos
A quantidade deve ser proporcional ao consumo, o que significa que o atacado é mais para famílias grandes, acima de quatro pessoas. Com mais refeições feitas em casa, itens como arroz, feijão, farinha, açúcar e não perecíveis podem sair mais em conta. Mesmo assim, o consumidor precisa estar atento.
– É preciso comparar sempre, porque os preços podem não ser vantajosos em todos os itens. O consumidor que deseja preços bons precisa se desdobrar – avisa o presidente do Movimento Edy Mussoi de Defesa do Consumidor, Cláudio Pires Ferreira.
Ele afirma que deixar de comparar os preços, a médio prazo, é ruim para todos os consumidores. É justamente o ato de deixar de comprar em um mercado que regula os preços e obriga as redes fazer promoções. Também é preciso levar em conta o gasto com deslocamento, combustível, táxi ou o preço da entrega das compras na residência.
7 PASSOS DE ECONOMIA NA HORA DAS COMPRAS
1. Defina limite: determine um valor máximo para gastar na compra. Cuidado que não é a promoção que tem de determinar o que se vai comprar, é a sua necessidade. Ao atingir o limite, deu.
2. Faça uma lista de compras: não saia de casa sem uma lista do que realmente precisa. Isso evita comprar por impulso ou em quantidade maior do que o necessário.
3. Pesquise os preços: faça uma pesquisa antes de decidir aonde vai. E, se for preciso, divida as compras com amigos, vizinhos ou parentes. Pode ser tática para economizar combustível.
4. Nunca vá com fome: ela atrapalha na hora de decidir a quantidade de produto que se precisa. Ou, então, faz cair na tentação de comprar o que não estava na lista.
5. Leve calculadora: vá com a máquina na mão, fundamental para se manter dentro do limite. Pode ser a mais simples que você encontrar. Ao ver o valor antes do caixa, poderá cortar muita coisa.
6. Produtos da estação: percebendo produtos com queda de preço, aproveite. Troque por aqueles que subiram muito. A substituição é sinal de inteligência financeira.
7. Não parcele: compras para o consumo do mês não devem ser parceladas. É porta de entrada para endividamento, porque vai aumentar. Prefira o cartão de débito ou à vista. Ou, se usa cartão da loja, pague a fatura total a cada mês.
Fontes: educador financeiro Jaques Diskin e presidente do Movimento Edy Mussoi de Defesa do Consumidor, Cláudio Pires Ferreira