Representantes do WhatsApp anunciaram nesta terça-feira que todas as conversas realizadas no aplicativo, não importando o número de pessoas envolvidas e a modalidade (chamada de voz ou mensagens de texto), serão protegidas de acessos e intercepções de terceiros por criptografia ponta a ponta. Até então, apenas as interações realizadas entre duas pessoas eram protegidas. Uma atualização do aplicativo, também disponibilizada nesta terça-feira, passou a identificar esse tipo de segurança nas conversas.
"A partir de agora, quando você e seus contatos usam a última versão do aplicativo, toda chamada que você fizer e toda mensagem, foto, vídeo, arquivo e mensagem de voz que você mandar terá criptografia ponta a ponta como padrão, incluindo os chats em grupo", diz o comunicado assinado pelos sócios Brian Acton e Jan Koum no blog do aplicativo.
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Assim, ninguém terá acesso às informações contidas nas conversas de quem utilizar uma versão atualizada do WhatsApp, nem mesmo o WhatsApp.
"Mesmo que reconheçamos a importância do trabalho de aplicação da lei para manter as pessoas a salvo, esforços para enfraquecer a encriptação arriscam-se a expôr informações das pessoas ao abuso de cibercriminosos, hackers e intromissão do Estado" diz o comunicado do aplicativo, que chega a comparar as interações realizadas através dele com "conversas face a face".
Segundo a revista Wired, a novidade vale para quem tiver a última versão do aplicativo, não importa a plataforma, seja iPhone, Android, to Windows, ou até mesmo Nokias antigos.
Caso recente
A questão da privacidade no aplicativo teve repercussão no Brasil recentemente. No dia 1 de março, a Polícia Federal brasileira prendeu o vice-presidente do Facebook na América Latina, Jorge Dzodan, por ter descumprido ordens judiciais que exigiam a liberação de conversas entre usuários da rede social Whatsapp, que pertence ao Facebook.
Na época, a Justiça informou que se tratava de um processo de tráfico de drogas interestadual, em que a Polícia Federal (PF) solicitou ao Juízo a quebra do sigilo de mensagens trocadas no WhatsApp por suspeitos.
Como o Facebook mostrou-se impassível aos pedidos da Justiça brasileira, o juiz decretou a prisão do responsável pela empresa no Brasil, usando como argumento o fato de ele impedir a investigação policial. A prisão preventiva de Diego Dzodan foi revogada um dia depois.
Os esforços das empresas tecnológicas para implementar sistemas de codificação, dos quais nem mesmo as empresas têm as "chaves" para desbloquear informação, provocam críticas de organismos de segurança.
Recentemente, a Apple travou uma disputa com o governo americano, nos tribunais, pelo desbloqueio do iPhone usado por Syed Farook, um dos envolvidos no tiroteio em San Bernardino, na Califórnia.
Em 2 de dezembro do ano passado, Farook e sua mulher, Tashfeen Malik, mataram 14 pessoas e feriram dezenas nesta localidade, o pior atentado sofrido pelos Estados Unidos desde o 11 de Setembro.
Outras empresas tecnológicas do Vale do Silício, como Google, Facebook e Yahoo!, apoiaram a decisão da Apple de não colaborar com o FBI, a Polícia Federal americana, nesse âmbito da investigação.
Grande alcance
Dados revelados pelo próprio WhatsApp em fevereiro de 2016 apontam que o aplicativo já conta com aproximadamente 1 bilhão de usuários que trocam em torno de 42 bilhões de mensagens por mês. A partir de agora, ninguém terá acesso ao conteúdo dessas conversas além de quem participou delas.