Eles são sedutores, envolventes e simpáticos, até conseguirem a confiança e aquilo que desejam. Mas, na verdade, por trás da máscara de boa pessoa, escondem alguém frio e calculista, mentiroso contumaz, egocêntrico, megalômano, parasita, manipulador, impulsivo, inescrupuloso, irresponsável, transgressor de regras sociais. Essa descrição se encaixa em 4% da população que sofre de Transtorno de Personalidade Antissocial, os chamados "psicopatas".
Segundo a psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho, o transtorno é diagnosticado mais em homens - 3%, enquanto que 1% está com as mulheres. Do total da população carcerária, aproximadamente 20% sofrem desse mal. Entre os psicopatas que ganharam destaque na mídia e indignaram os brasileiros, estão Suzane von Richthofen; Francisco de Assis Pereira, "o Maníaco do Parque", e o Marcelo Costa de Andrade, "o Vampiro de Niterói".
- Esses indivíduos fingem e mentem muito bem, e forjam o afeto. É preciso ressaltar que o psicopata sente prazer em cometer o mal, em conseguir concretizar o que ele deseja. Quando o mal já está feito ele não apresenta nenhum sentimento de culpa, arrependimento ou remorso pelo que faz de errado - explica a médica.
Sem afeto, o psicopata não possui nenhum problema cognitivo, a razão funciona bem e ele tem a capacidade plena de distinguir o que é certo e o que é errado. Segundo a psicanalista, ele tem certeza que está infringindo a lei, mas não se importa com isso e até calcula os danos para saber o custo-benefício da ação.
Para muitos especialistas, os psicopatas nascem com o transtorno e em algum momento da vida a doença pode ser deflagrada, em maior ou menor grau.
- Sabemos que todo transtorno mental tem causas biológicas, psíquicas e sociais. Um jovem pode desde cedo começar a demonstrar os primeiros sinais de que há algo errado. Na adolescência, pode apresentar os primeiros sinais de transtorno de conduta e se não for tratado, pode evoluir para a psicopatia - reforça Soraya.
Apesar de muitas pessoas imaginarem que quem sofre desse transtorno são pessoas violentas e assassinas, a médica afirma que esse tipo de psicopata é o mais raro. De acordo com ela, há três níveis de psicopatia, que são: a leve, que aplica os famosos golpes 171 (estelionato ou fraude) e atinge uma pessoa; o moderado, que aplica o mesmo golpe, porém em uma esfera social mais ampla e acaba lesando milhares de pessoas; e o grave, que seria o serial killer, o assassino para quem não basta matar, é preciso haver requinte de crueldade.
Esse tipo de transtorno não tem cura, uma vez que os psicopatas não se arrependem ou sofrem com as consequências de seus atos.
- Tratar de um psicopata é uma luta inglória, pois não há como mudar sua maneira de ver e sentir o mundo. Psicopatia é um modo de ser - acrescenta.