Adam West
O ator e dublador norte-americano morreu em junho, aos 88 anos, em decorrência de leucemia. Natural de Seattle, West estreou na carreira artística em 1957, no filme Voodoo Island. Teve participações em diversos programas televisivos, mas sua atuação de maior relevância foi na pele do super-herói Batman, na série de TV homônima, que foi ao ar entre 1966 e 1968.
Adelar Bertussi
Parecia que ele já tinha saído da barriga da mãe com uma gaita atada ao corpo. Referência na música regional, Adelar Bertussi formou com o mano Honeyde o grupo Irmãos Bertussi, sucesso a partir da década de 1950. A dupla cresceu: hoje um de seus filhos, Gilney, segue a tradição familiar com o grupo Os Bertussi, que já gravou mais de 50 discos. Natural de Caxias do Sul, Adelar morreu aos 84 anos.
Antonio Candido
O sociólogo e crítico literário Antonio Candido foi um raro intelectual que todos reverenciavam. Uma espécie de reserva moral da nação em certos círculos. Não por acaso. Professor da USP e autor de obras seminais sobre a literatura brasileira, ajudou a formar uma parcela significativa da nossa intelectualidade. Participou da fundação do PT, na virada da década de 1980. Parecia imortal, mas morreu aos 98 anos.
Belchior
Muitos artistas desaparecem após os anos de sucesso, mas só o cearense Belchior transformou o sumiço em estilo de vida. Ídolo da MPB na década de 1970, um dos maiores nomes da música brasileira no século 20, saiu do radar e só voltou a chamar atenção recentemente, quando virou um andarilho que vivia de favores entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai. Morreu em abril, aos 70 anos, em Santa Cruz do Sul.
Carlos Araújo
Ex-marido e amigo mais próximo de Dilma Rousseff, a quem ela visitava com frequência em Porto Alegre: quando Carlos Araújo morreu, aos 79 anos, foi assim que o noticiário o presentou, uma imagem para lá de redutora. Araújo tinha luz própria. Guerilheiro durante a ditatura, preso político, fundador do PDT, parlamentar com vários mandatos, ele foi uma figura influente na história política recente do país.
Carlos Sperotto
Líder ruralista e uma das principais vozes do agronegócio, Carlos Sperotto morreu aos 79 anos, no dia 23 de dezembro. A personalidade forte e a voz tonitruante marcaram seu mandato de 20 anos na presidência da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), entidade que representou em debates como os das ocupações do Movimento dos Sem Terra (MST) e o da regulamentação do plantio de soja transgênica.
Charles Manson
Líder do grupo homicida que aterrorizou os Estados Unidos no fim da década de 1960, morreu em novembro aos 83 anos, após passar mais de quatro décadas atrás das grades. O psicopata, que tinha uma suástica tatuada na testa, foi condenado à prisão perpétua por ordenar massacres coletivos e brutais que resultaram em sete mortes. A vítima mais célebre foi a atriz Sharon Tate, que à época estava grávida de oito meses e era casada com o cineasta Roman Polanski.
Chester Bennington
Vocalista da banda norte-americana Linkin Park, cometeu suicídio em sua casa, na Califórnia, em julho. Bennington tinha 41 anos e lutava contra o vício em drogas e álcool. Suas composições musicais tiveram grande influência de traumas na infância — o cantor dizia ter sido abusado sexualmente quando tinha 7 anos. Meses antes de sua morte, o cantor havia perdido um de seus amigos mais próximos, Chris Cornell, que também cometera suicídio.
Chris Cornell
Vocalista das bandas Soundgarden e Audioslave, foi um dos pioneiros do grunge, gênero musical surgido em Seattle, nos Estados Unidos, entre os anos 1980 e 1990. Dono de uma das vozes mais marcantes do rock, cometeu suicídio em maio, aos 52 anos, horas após se apresentar com o Soundgarden em Detroit.
Chuck Berry
Elvis Presley levou a fama, mas o verdadeiro rei do rock foi Chuck Berry, pioneiro guitarrista que experimentou misturar jump blues com rhythm and blues e balançou a cultura universal com petardos como Johnny B. Goode e Rock and Roll Music. Viveu o auge nos anos 1950, até ser preso acusado de relacionamento com uma adolescente, mas influenciou todo mundo que veio depois, Rolling Stones e Beatles incluídos. Morreu em março, aos 90 anos.
Eva Todor
Húngara de nascimento, a atriz começou a carreira há mais de 80 anos, no balé. Em telenovelas, teve participações marcantes em folhetins como Partido Alto (1984), De Corpo e Alma (1992) e O Cravo e a Rosa (2000). No cinema, participou de cinco filmes, sendo o último Meu Nome Não é Johnny (2008). Diagnosticada com Parkinson, morreu em dezembro, aos 98 anos, em decorrência de uma pneumonia.
Hélio Dourado
"Foi quem mais amou o Olímpico", disse Lauro Quadros quando Hélio Dourado morreu, aos 87 anos. Como presidente do Grêmio, de 1975 a 1981, Dourado fez história quebrando a hegemonia do Inter no Gauchão, em 1977, sagrando-se campeão brasileiro em 1981 (o primeiro título nacional do Tricolor) e ampliando o velho casarão da Azenha. Amava tanto o Olímpico que resistiu à mudança para a Arena — só a visitou três anos após sua inauguração.
Helmut Kohl
Helmut Kohl foi chanceler da Alemanha de 1982 a 1998 — período que compreende a integração das Alemanhas Ocidental e Oriental pós-queda do Muro de Berlim. Foi, também, um arquiteto da União Europeia — o que igualmente coube, em menor grau, ao português Mario Soares, duas vezes primeiro-ministro e primeiro civil presidente da República em seu país. Soares morreu em janeiro, aos 92 anos. Kohl, em junho, aos 87.
Hugh Hefner
Fundador da Playboy, o americano morreu em setembro, aos 91 anos. Considerado um ícone da cultura pop, a revista marcou a "revolução sexual" dos anos 1960 e 1970 e foi publicada em quase todo o planeta. Hefner era conhecido por manter várias namoradas ao mesmo tempo em sua mansão e protagonizou o reality show Girls of Playboy Mansion.
Ivo Tramontina
Filho de um artesão apaixonado por ferraria que lançou a pedra fundamental do Grupo Tramontina S.A. há mais de cem anos, Ivo Tramontina era o último representante da geração que fez a marca, uma das mais tradicionais do Rio Grande do Sul, afirmar-se em meados do século 20. Ivo morreu no dia 23 de dezembro, aos 92 anos de idade, na cidade serrana de Carlos Barbosa que até hoje é a sede da empresa.
Jayme Copstein
A voz que ecoou durante duas décadas nas madrugadas brasileiras, levando companhia e conforto a insones, solitários e trabalhadores noturnos, silenciou em janeiro de 2017. Aos 89 anos, morreu na Santa Casa, em Porto Alegre, o jornalista e escritor Jayme Copstein, que ganhou notoriedade como apresentador do programa Gaúcha na Madrugada, mais tarde rebatizado de Brasil na Madrugada, transmitido noite adentro, entre 1985 e 2004, pela Rádio Gaúcha.
Jeanne Moreau
Um símbolo do cinema francês deixou o mundo em julho, aos 89 anos. O talento, a beleza e a voz profunda de Jeanne Moreau fascinaram grandes cineastas, como Truffaut, Malle, Buñuel e Orson Welles. Em 65 anos de carreira, atuou em mais de cem filmes. Entre os mais marcantes, estão Ascensor para o Cadafalso, Jules e Jim – Uma Mulher para Dois e A Noite. Veio ao Brasil para atuar em Joanna Francesa (1973), de Cacá Diegues. Em 1998, recebeu um Oscar honorário.
Jerry Adriani
Uma das vozes mais emblemáticas da MPB, morreu em abril, aos 70 anos, em decorrência de um câncer. Foi um dos ícones da Jovem Guarda na década de 1960, ao lado de outros nomes como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderley Cardoso e Wanderléa. Na década de 1990, voltou às paradas de sucesso com versões italianas de músicas do grupo Legião Urbana. Na mesma época, embalou a trilha sonora da novela Terra Nostra com a canção Santa Luccia Luntana.
Jerry Lewis
Ninguém foi tão genial em se fazer de idiota como Jerry Lewis, o ator, roteirista e cineasta notabilizado por interpretar personagens ingênuos e aloprados em filmes de sucesso, principalmente nas décadas de 1950 e 1960. Para o mundo, a princípio, era só um palhaço. Os franceses foram os primeiros a perceber que se tratava de um auteur, capaz de ombrear com Charles Chaplin e Buster Keaton, o que finalmente foi reconhecido com um Oscar honorífico, em 2009. Morreu aos 91 anos.
João Gilberto Noll
Um dos escritores gaúchos mais destacados em seu tempo, João Gilberto Noll morreu aos 70 anos, mas parecia ter menos. Inquieto, tanto na vida pessoal quanto na busca por uma arte autêntica e inventiva, foi colega de faculdade de Caio Fernando Abreu, um dos poucos autores de sua geração, no Estado, aos quais pode ser associado. Hotel Atlântico (1989) e Harmada (1993) estão entre seus livros mais conhecidos.
Luiz Melodia
Se tinha alguém que fazia jus ao nome artístico era este carioca do Morro do Estácio que surgiu para a música em 1973, com clássicos como Pérola Negra, Magrelinha e Estácio Holly Estácio. Quarenta e dois anos depois e uma carreira construída a partir da mistura de samba, soul e pop, continuava em forma, a ponto de ser eleito melhor cantor da MPB no 26º Prêmio da Música Brasileira. Morreu aos 66 anos.
Malcolm Young
Guitarrista e fundador da banda australiana AC/DC, era reconhecido por sua proeza musical. Junto com o irmão mais novo, Angus, foi um dos pioneiros do hard rock e inspirou uma legião de fãs. Estava afastado da banda desde 2014, devido a um quadro de demência que ocasionava perda total da memória. Morreu em novembro, aos 64 anos.
Márcia Cabrita
Nascida em Niterói (RJ) e filha de imigrantes portugueses, Márcia começou a carreira no teatro e estreou na TV na minissérie Noivas de Copacabana, em 1992. Após participar do humorístico Os Trapalhões, viveu a partir de 1997 seu grande papel, a doméstica Neide Aparecida, de Sai de Baixo. Morreu em novembro, aos 53 anos, vítima de um câncer no ovário, doença contra a qual lutava desde 2010.
Marisa Letícia
Originária de uma família pobre, a exemplo do marido Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia foi uma primeira-dama discreta. Viúva de um primeiro casamento, uniu-se a Lula no começo da década de 1970, quando ele dava os primeiros passos no sindicalismo. Morreu em fevereiro, aos 66 anos, vítima de um AVC sofrido em meio às tensões da investigação do ex-presidente pela Lava-Jato.
Paulo Bellini
O normal seria uma barra de ferro de uma polegada, mas, por via das dúvidas, Paulo Bellini colocava barras de três polegadas nas carrocerias dos ônibus. Foi assim, com seriedade e cuidado, que a Marcopolo, que ele fundou em 1949, conquistou o mundo. Quando Bellini morreu, aos 90 anos, a empresa acumulava dezenas de milhares de coletivos com DNA gaúcho circulando em todo o mundo.
Paulo Sant'Anna
Provavelmente Paulo Sant'Ana ficaria furioso se alguém o chamasse de megalomaníaco — reclamaria que era pouco, que na verdade ele era o maior megalomaníaco do mundo. Polêmico, espalhafatoso, gremista inveterado, ele foi o mais popular dos comunicadores gaúchos durante quatro décadas. Morreu em julho, aos 78 anos, depois de estabelecer um novo jeito de exercer o debate esportivo e o colunismo no sul do país.
Paulo Silvino
Figurinha carimbada da TV, o ator e comediante carioca era conhecido como o rei do bordão. Começou a carreira na música, mas foi por meio do humor que Paulo Silvino atingiu o estrelato. Em sua coleção de personagens estão o porteiro Severino, que imortalizou o bordão "Cara, crachá", e o policial Fonseca ("Gueeenta"). Morreu aos 78 anos, vítima de um câncer no estômago.
Roger Moore
Os fãs de James Bond choraram neste ano a morte de um atores que contribuiu para a popularização do personagem. Roger Moore fez jus ao papel de 007: interpretou sete vezes o mais famoso agente secreto do cinema, sendo a primeira delas em Vive e Deixe Morrer (1973). Morreu em maio, aos 89 anos.
Rogéria
Astolfo Barroso Pinto viveu e morreu como Rogéria, a Travesti da Família Brasileira, como se definia — com precisão. Em um país conservador, de marcada homofobia, ela conseguiu, em plena ditadura, a proeza de virar uma estrela. Pioneira de uma série de artistas que desafiam as noções de gênero, morreu em setembro, no momento em que setores da sociedade brasileira se escandalizavam com a Queermuseu, uma exposição de arte com temática LGBTQI.
Sereno Chaise
Quando conheceu Leonel Brizola, em 1946, Sereno Chaise era um estudante. Começou ali uma parceria que durou cinco décadas e influenciou os rumos da política nacional. Braço direito de Brizola, Chaise militou no PTB, foi prefeito de Porto Alegre, preso político na ditadura e fundador do PDT. Em 2000, rompeu com o amigo e aliado de meio século, bandeando-se para o PT, junto com Dilma Rousseff. Chaise morreu em junho, com 89 anos.
Teori Zavascki
Havia um tempo em que ninguém era capaz de identificar um ministro do STF, mas, no convulsionado Brasil de 2017, mesmo um jurista discreto, como Teori Zavascki, virou celebridade. Relator dos processos da Lava-Jato no Supremo, o catarinense que fez carreira no Rio Grande do Sul era, pela seriedade e retidão, um depositário de esperanças no combate à corrupção. Sua morte em um acidente aéreo, em janeiro, fez o país duvidar de que a empreitada chegasse a bom termo.
Tio Tony
Muito antes do Mister M, um gaúcho de Rio Grande era sinônimo de mágica — sobretudo para as crianças. Tio Tony, nome artístico de Paulo Roberto Brito Martins, ganhou fama nas décadas de 1970 e 1980. Fez shows, animou festas, apresentou programas de TV. Tinha também uma loja de artigos para espetáculos no Viaduto Otávio Rocha. Como um bom mágico, morreu carregando um mistério: sua idade. "Nem a mulher dele sabia", contou o sobrinho Matheus Souza em setembro.
Tom Petty
Autor de músicas que entraram para a história do rock, como American Girl, Free Fallin' e Mary Jane's Last Dance, o americano morreu em outubro, aos 66 anos, após sofrer um infarto. Seja como artista solo ou acompanhado pela sua banda, The Heartbreakers, Petty fez sucesso vendendo mais de 80 milhões de discos.
Wianey Carlet
"Quem será melhor: Taison ou Messi?" A frase corajosa, publicada em maio de 2009 em ZH, perseguia Wianey Carlet, comentarista esportivo que marcou o rádio e a mídia impressa do Rio Grande do Sul, em diferentes veículos e empresas, ao longo de mais de quatro décadas. A afirmação mostra que Wianey, morto em setembro, aos 68 anos, podia errar espetacularmente, mas não tinha receio de polemizar e nadar contra a corrente, um dos segredos de sua popularidade.
Zygmunt Bauman
"As relações escorrem pelo vão dos dedos", garantia o sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman, resumindo numa frase o ideário que rendeu uma série de bestsellers e o transformou num dos pensadores mais pop das últimas décadas. Conhecido pelo conceito de sociedade líquida, Bauman nasceu em uma família de judeus, em 1925, serviu ao exército de seu país na II Guerra Mundial e lutou pela implantação do comunismo — que depois renegaria, vivendo seus últimos anos no Reino Unido.