A morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia foi declarada no início da noite desta sexta-feira, às 18h57min, em decorrência de consequências de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. A confirmação se deu depois de o Hospital Sírio-Libanês realizar as duas etapas do protocolo para identificar a morte encefálica da mulher do ex-presidente Lula. O primeiro procedimento foi realizado às 12h05min desta sexta-feira e o segundo às 18h05min.
Marisa estava em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, quando passou mal em 24 de janeiro. Levada de ambulância para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, ficou internada desde então, mas acabou não resistindo. Ela tinha 66 anos.
Dona de um temperamento forte e sangue quente dentro de casa, herança da ascendência italiana por parte de pai e mãe, Marisa Letícia preferia adotar um estilo discreto na vida pública. Nos oitos anos em que viveu no Palácio da Alvorada, poucas vezes concedeu entrevistas ou apareceu longe do marido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não que fosse alheia aos acontecimentos do intrincado jogo político em Brasília. Tinha as próprias ideias sobre adversários e aliados do marido.
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De uma família pobre, Marisa Letícia nasceu em 1950 em uma casa de pau a pique em São Bernardo do Campo. Naquela época, o município era um grande matagal, com algumas casas de empregados das fábricas de móveis que, anos depois, deram lugar às montadoras. Aos sete anos, quando se mudou para a área urbana, ainda não havia luz e a água era de poço. A mãe, Regina Rocco Casa, era uma famosa benzedeira da região. Sobre o pai, Antonio João Casa, costumava afirmar que puxou o gosto pelo cuidado das plantas, seu hobby.
Conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, que ela frequentava como funcionária da prefeitura. A paixão foi fulminante e em sete meses se casaram. Ambos eram jovens e viúvos. Em 1970, o primeiro marido de Marisa Letícia havia sido encontrado morto a tiros, menos de três meses após o casamento. Desde o início do namoro com o petista, ganhou o apelido de Galega, referência ao cabelo claro e aos olhos esverdeados.
Distante dos palanques, Marisa Letícia apoiou o marido desde a época em que ele ainda era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista. Participou ativamente no início das atividades do PT, ajudando a criar núcleos e a estampar camisetas.
Durante as disputas eleitorais de 1982, 1986, 1989, 1994 e 1998, nas quais Lula se candidatou, ela teve participação secundária, dedicando-se mais à casa e aos filhos (Marcos Cláudio, do primeiro casamento, e Fábio Luís, Sandro Luís e Luís Cláudio, com Lula).
Em 2002, rejuvenescida por plástica e novo corte de cabelo, rendeu-se aos palanques. Nos oito anos em que viveu no Palácio da Alvorada, poucas vezes concedeu entrevistas ou apareceu longe do marido. Não que fosse alheia aos acontecimentos do intrincado jogo político em Brasília – mantinha as próprias ideias sobre adversários e aliados do marido.
Com a Operação Lava-Jato, o nome de Marisa Letícia começou a aparecer com frequência nos noticiários. Em setembro, foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) com o marido por suposta corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a reforma de um triplex no Guarujá, litoral de São Paulo. Em dezembro, foi indiciada pela Polícia Federal em inquérito que apurava a compra de um apartamento em São Bernardo do Campo.
Marisa deixa quatro filhos, Marcos Cláudio, do primeiro casamento, e Fábio Luís, Sandro Luís e Luís Cláudio, com Lula.
Corpo será velado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
O corpo da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva será velado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. A cerimônia será neste sábado, das 9h às 15h, conforme foi informado na página oficial de Lula no Facebook. Marisa Letícia havia manifestado a familiares o desejo de ser cremada, o que será atendido. O ato fúnebre está prevista para ocorrer no cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo (SP).
*ZERO HORA