O escritor argentino Ricardo Piglia morreu na tarde desta sexta-feira, em Buenos Aires, vítima de uma parada cardíaca. O autor havida sido diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) em 2014. No mesmo ano, Piglia cancelou uma vinda a Porto Alegre, onde participaria do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, alegando problemas de saúde.
Entre seus romances mais conhecidos, estão Respiração Artificial (1980) e Dinheiro Queimado (1997). Natural da cidade de Androgué, Piglia nasce em 24 de novembro de 1941, estudou História na Universidad Nacional de La Plata e exerceu atividades de professor universitário, jornalista e editor. Em 1987, foi convidado a ensinar literatura latino-americano por uma temporada na Universidade de Princeton, onde mais tarde foi efetivado.
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A estreia na literatura se deu em 1967, com a reunião de contos La Invasión, editado pelo selo Editorial Jorge Alvarez, conhecido por seu perfil inovador e independente. Além disso, foi ensaísta, com diferentes títulos publicados na Argentina.
A projeção internacional viria em 1980, com Respiração Artificial, romance no qual se mesclam vários registros, do epistolar ao erudito. Piglia usa a obra para escavar as relações entre o passado e o presente da Argentina por meio de uma investigação empreendida pelo escritor e acadêmico Emilio Renzi, seu alter ego, pela biografia de um remoto personagem da era Rosas
O mesmo personagem Renzi retornaria em Alvo Noturno (2010) e seria o protagonista do último romance publicado por Piglia, O Caminho de Ida (2013), no qual, como professor-visitante em uma universidade visitante, vê-se intrigado com a erupção da violência na sofisticada atmosfera do campus por meio de atentados à bomba cometidos por um terrorista moldado no personagem real do Unabomber.
Ao longo da carreira, Piglia recebeu vários prêmios literários, como o Romulo Gallegos, e teve suas obras traduzidas em mais de 15 idiomas.