Com mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais, o confeiteiro de Esteio, Alex Sandro Teixeira Santos, 41 anos, conquistou o coração de fãs por todo o Brasil com a sua simpatia. E claro, com a beleza dos seus doces. Ele já tinha anos de carreira quando, durante a pandemia de covid-19, assistiu uma live em que profissionais do ramo da alimentação conversavam sobre seus ofícios, compartilhando dicas e vivências. A troca despertou o desejo de Alex em criar seu próprio conteúdo.
— Eu mal tinha feito o perfil. Comecei postando no intuito de repassar o que eu tinha, as minhas receitas para o pessoal poder fazer em casa durante a pandemia, e quem sabe fazer uma renda extra — relata.
E foi assim que, com a sua espontaneidade, Alex conquistou mais de 9 mil seguidores nos primeiros 30 dias. O confeiteiro aprendeu a utilizar as ferramentas digitais e aperfeiçoou seu conteúdo. No final da pandemia, Alex já era um sucesso nas redes.
Porém, ele não é dono do local em que trabalha, e sim funcionário. Entre risadas, confessa que no início escondia o celular em uma caixa de leite, com um furo para a câmera, para gravar os vídeos. Até que criou coragem e pediu autorização do chefe para usar a cozinha como cenário. Deu tudo certo e o confeiteiro, inclusive, ganhou um telefone novo do patrão para fazer seus tiktoks:
— Eles me dão o maior apoio. Muitas pessoas dizem que eu devo cobrar publicidade da padaria, mas vejo como uma troca de favores. Eu uso o espaço deles, a matéria-prima deles, uso os utensílios deles para gerar o meu conteúdo.
Receitas autorais
Quem é fã do Alex Confeiteiro, como é conhecido, sabe da sua marca registrada: a sinceridade. Nas lives e vídeos, enquanto conta seu dia a dia, ensina receitas autorais. Suas criações mais famosas são os bolos “Sherek” e “Carmem Miranda”. O que leva o nome da cantora é decorado com frutas coloridas. Já o que leva o nome do ogro tem massa de chocolate, recheio de brigadeiro e nata com morangos, mas não é verde. O que gera dúvida sobre a sua origem e até críticas. Porém, quando o confeiteiro recebe comentários negativos, alfineta os haters (críticos) com humor.
A história é que, ao tentar impressionar seu chefe com um novo bolo, Alex se surpreendeu quando o doce não vendeu. Descobriu que, como o bolo era muito lindo, os clientes achavam que seria caro. Então, o patrão pediu para ele fazer uma nova torta, com o mesmo recheio, mas decoração simples.
— Eu falei: “Então, tu não quer um bolo, quer um Sherek? Que todo mundo gosta, mas é feio pra caramba” — explica.
O sucesso nas vendas comprovou a teoria e garantiu um belo nome para o bolo, que ficou famoso no TikTok.
Popularidade revertida em clientes
Os seguidores extrapolam os limites das redes sociais de Alex. Com a fama, o confeiteiro aumentou sua clientela. Segundo ele, pessoas de fora do Estado vieram provar seus doces.
Já teve gente do Norte, Nordeste e de outros Estados da Região Sul. E a relação dele com algumas dessas pessoas foi para além do comercial. Alex relembra que fez questão de hospedar em sua própria casa uma cliente vinda de longe que, depois, virou sua amiga — e é até hoje.
Para entender o sucesso de Alex Confeiteiro, é preciso voltar a sua infância em Esteio. Diferente de como começou na internet, Alex entrou na confeitaria a contragosto. Muito jovem, foi incentivado pelo pai a trabalhar. Com cerca de 11 anos, ele ajudava na padaria onde o pai trabalhava, realizando tarefas básicas como auxiliar de limpeza e serviços gerais.
No início, o trabalho era uma obrigação, uma chateação, mas, segundo Alex, isso mudou assim que ele ganhou o primeiro salário. A partir daquele momento, viu uma oportunidade de crescimento. Aos poucos, passou a atuar como ajudante de salgadeiro, o que o motivou a buscar mais conhecimento na área.
Ele enfatiza que, na época, o acesso ao aprendizado era mais difícil. Sem internet, apenas comprando aulas e cursos se aprendia técnicas e receitas. Até conseguir a confiança do patrão para assumir os fornos, Alex foi observando o trabalho dos mais experientes.
Persistência
Determinado a progredir, o confeiteiro continuou na área, e, com o tempo, trabalhando em diferentes lugares e com diversos profissionais, foi se aperfeiçoando por onde passava. Depois de anos de dedicação e boa vontade, Alex consolidou-se na profissão, passando por estabelecimentos renomados de Porto Alegre, como Maomé, Armelin e Bella Gula.
Com uma bagagem cheia, o confeiteiro abriu seu próprio negócio, que tocou por cerca de 10 anos. A padaria de Alex foi muito bem com a clientela, mas ele mesmo não estava satisfeito.
— Ainda não era o que eu queria. Eu queria lidar, eu queria levar o meu conhecimento para mais pessoas. Eu queria participar de alguma palestra, curso e tudo mais. E aos pouquinhos, isso hoje está se encaminhando — conta Alex, que vendeu o comércio por uma oferta, deixou de ser empresário, e voltou a trabalhar com o que mais gostava: cozinhar. Além disso, agora segue o sonho de ensinar às pessoas seu ofício. Atualmente, o confeiteiro vende cursos online, em que explica suas técnicas de bolos e doces e conta com mais de 8 mil alunos.
* Produção: Camila Mendes e Elisa Heinski