A venda de veículos cresceu em junho na contramão da produção e da exportação em queda. O mês começou com os negócios parados e as linhas de montagem em marcha lenta. A partir do dia 20, o movimento nas concessionárias aumentou enquanto as máquinas pararam em algumas fábricas. Reflexo do programa do governo de incentivo ao carro popular, as vendas dispararam na última semana e, acompanhando junho, julho fechará acima da média.
Os resultados do programa do governo de incentivo ao carro popular, do mês de junho e do primeiro semestre foram anunciados nesta sexta-feira pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, comemorou os resultados do programa do governo que estimulou as vendas em junho que foi o segundo melhor mês do ano. Apesar do sucesso com a venda em torno de 150 mil veículos, Alckmin garantiu que o incentivo foi temporário e não será renovado.
Temos uma ociosidade de quase 50% e isso poderia levar a uma perda de emprego. Portanto esse estímulo foi transitório, mas necessário nesse momento.
GERALDO ALCKMIN
Vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
Ao avaliar os resultados positivos do apoio do governo, o presidente da Anfavea Márcio de Lima Leite, ressaltou os esforços das montadoras, que ofereceram descontos além dos bônus do governo. Destacou que os incentivos beneficiarão julho que deverá ter venda muito acima da média. Cerca de 79 mil veículos com o desconto foram repassados às concessionárias, mas ainda não emplacados.
- Foi uma excelente medida de curto prazo para aquecer o mercado, reduzir os estoques e, principalmente, proporcionar que mais consumidores, incluindo pessoas jurídicas na segunda fase, tivessem acesso aos veículos de entrada
MÁRCIO DE LIMA LEITE
Presidente da Anfavea
Com cinco fábricas paradas, a produção de 189.182 veículos caiu 7,1% na comparação com maio e 7,1% sobre o mesmo mês do ano passado. Naquele momento, o setor enfrentava o período mais crítico da crise dos semicondutores e ainda reflexos da pandemia do coronavirus. Foram 180.204 automóveis e comerciais leves, tombo de 17,2% na comparação com maio e menos 3,8% sobre o mesmo período de 2022.
O resultado acumulado do primeiro semestre do ano cresceu 3,7% com 1.091.698 veículos dos quais 1.006.586 foram automóveis e comerciais. O aumento foi de 6,8% sobre igual período do ano passado.
Embalada pelas medidas do governo de apoio ao carro popular, a venda cresceu 7,4% sobre maio com 189.528 emplacamentos. Na comparação com o mesmo mês de 2022, a evolução foi de 6,4%. Foram 179.870 automóveis e comerciais leves, mais 8,1% sobre maio e 8,6% em relação a junho do ano passado.
A média diária de venda de 1º a 25 de junho foi de 6,8 mil veículos saltou par 16,2 mil dos dias 26 a 30. A média geral de janeiro a junho foi de 8,1 unidades/dia.
O estoque caiu de 251,7 mil unidades em maio para 223,6 mil veículos em junho, dos quais 138,1 mil nas concessionárias e 85,5 mil nas fabricadas. Correspondeu a 35 dias, sendo 22 nas lojas e 13 nos pátios das fábricas.
Carga e passageiro
O segmento de caminhões e ônibus continua comprometido pela entrada em vigor do Proconve P8. Para atender o programam os veículos receberam tecnologias mais avançadas que refletiram no aumento de custo, o que antecipou a compra.
A produção de 7.029 caminhões em junho despencou 16,2% na comparação com maio e 47,4% sobre o mesmo período do ano passado. Os 1.949 ônibus produzidos ficaram 0,1% abaixo de maio e 34,8% em relação a junho de 2022.
No primeiro semestre, a produção de caminhões despencou 34,3% com 71.772 unidades. O segmento de ônibus tombou 28,34% com 13.331 unidades.
A venda de caminhões caiu 41,% em junho comparado a maio com 7.884 emplacamentos e 28,2% sobre o mesmo mês do ano passado. O segmento de ônibus caiu 7,6% com 1.774 registros e mais 26,4% considerando os mesmos períodos.
De janeiro a junho foram emplacados 57.605 caminhões, menos 8,1% na comparação com o primeiro semestre de 2022, enquanto os 7.309 ônibus saltaram 54%.
Venda externa
A exportação acompanhou a produção e também caiu em junho pela situação dos principais países importadores. Além da crítica situação argentina, os embarques para o Chile e a Colômbia também em queda.
O embarque de 36.622 veículos caiu 17,1% na comparação com maio e 22,6% sobre o mesmo mês de 2022. Em valores foram US$ 1,001.109 bilhão, menos 6% em relação a maio mas subiu 1% em relação ao mesmo período de 2022. No ano foram exportadas 246.260 unidades, menos 7,7% sobre igual período do ano passado. O resultado acumulado foi de US$ 5,742 bilhões.