O modelo Brasilia, apresentado em junho de 1973, completou 50 anos de seu lançamento. Com mais de um milhão de unidades emplacadas, o hatch compacto foi exportado para mais de 25 países. A Volkswagen comemorou a data com a exposição de uma das últimas unidades, produzidas em 1982, em sua garagem, na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo.
A trajetória do Brasilia foi marcada nas ruas e estradas brasileiras pela sua robustez, versatilidade e desempenho herdados do Fusca. Para quem gostava ou precisava viajar, garantia o espaço interno e o porta-malas necessários.
Ícone da indústria automotiva nacional, nos quase dez anos em linha, o Brasilia superou um milhão de unidades no seu sétimo ano de mercado, o que só havia ocorrido com o seu irmão Fusca.
O Brasilia, sem acento, ou a Brasilia, como o brasileiro preferia, foi consagrado pelos Mamonas Assassinas, famoso grupo musical dos anos 1990 cujos integrantes morreram tragicamente em acidente aéreo em 1996. O sucesso Pelados em Santos valorizava a Brasilia amarela com roda gaúcha e portas abertas.
O projeto do Brasilia começou no início dos anos 70. O mercado precisava de um veículo novo em estilo, em desempenho e de preço competitivo. A base foi a plataforma mecânica da linha VW-1600. Autorizado pelo então presidente da Volkswagen do Brasil, Rudolf Leiding (dirigiu a VWB de 1968 a 1971), o novo veículo concorreria com o seu irmão Fusca, líder do mercado, e com o Ford Corcel, o Dodge 1800 e o Chevrolet Chevette, que chegou em abril de 1973. O projeto foi desenvolvido pela engenharia brasileira e o estilo foi comandado pelo designer Marcio Piancastelli.
As linhas retas e equilibradas do Brasilia inauguraram uma nova tendência visual com o generoso para-brisa dianteiro, incomum para a época. Com 4,01 metros de comprimento e distância entre eixos de 2,40 m, as dimensões foram baseadas no estatura média do brasileiro.
Robusto e versátil
O Brasilia marcou sua presença nas cidades e ao ajudar desbravar o interior do país. A robustez, a confiança do conjunto propulsor e a certeza da facilidade de conserto foram características valorizadas pelo consumidor. O bagageiro dianteiro levava 135 litros e interior modulável permitia de 273 litros até 970 litros.
Dois anos após seu lançamento, em 1975, teve 126 mil unidades registradas, volume até considerável até hoje. Superior ao do carro mais vendido no país em 2022, o Fiat Strada, com 112 mil unidades.
Lançado com o motor 1.600 de 60 cv, em 1975 chegou a versão com dois carburadores e a potência de 65 cv. Com painel acolchoado, trazia freios a disco na dianteira, trava especial no capô dianteiro e estrutura desenvolvida para absorver a energia cinética em caso de colisão. O que preservava o habitáculo e a segurança dos ocupantes.
Ao longo de sua existência, o Brasilia passou por sucessivos aperfeiçoamentos visuais, internos e no conjunto propulsor. As atualizações garantiram o sucesso de vendas até a chegada do Gol, em 1982.
O Brasilia foi exportado para mais de 25 países como Chile, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Portugal, Nigéria e México. No México, foi montado de 1974 a 1982 com mais de 72 mil unidades produzidas. Lá foi o carro do Seu Barriga, personagem do seriado Chaves, muito conhecido e até hoje em exibição no Brasil.
Último modelo
O Brasilia 1982 do acervo da Volkswagen foi uma dos últimos produzidos antes do fim do modelo. Saiu da linha de montagem para as salas da engenharia da montadora. Nunca emplacado, rodou 460 quilômetros.
Na cor metalizada verde mármore, o interior tem revestimento vinílico nas portas e laterais dos bancos, detalhes em madeira no painel e um simpático relógio do lado esquerdo do quadro de instrumentos. A versão LS também conta com acendedor, bancos dianteiros com encosto para a cabeça e desembaçador traseiro.