Os reflexos da pandemia do coronavírus continuam batendo forte na saúde, na economia e na cadeia automotiva brasileira. O agravamento do risco de contágio, as unidades de terapia intensiva (UTIs) superlotadas e o cumprimento dos protocolos sanitários provocaram a redução da produção de veículos. A maioria da fábricas parou para proteção de funcionários e pela falta de componentes. Apesar da base baixa de março, a produção e exportação de veículos caíram em abril. No quadrimestre, o resultado foi positivo.
A produção de 190,9 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus caiu 4,7% em abril, na comparação com março.
Nos quatro primeiros meses do ano, saíram das linhas de montagem 788,7 mil veículos, 34,2% a mais sobre igual período de 2020.
Registros e embarques
Devemos ressaltar a resiliência da cadeia automotiva num momento de crise, em especial das áreas de logística, compras e planejamento de produção das nossas associadas
LUIS CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
Com horário de funcionamento restrito e falta de veículos, a venda de 175 mil unidades foi equivalente a uma queda de 7,5% em abril, em relação a março, mas saltou 214,2% no comparativo com o mesmo mês de 2020. No resultado acumulado do ano, os 703 mil emplacamentos representaram salto de 214,2% sobre igual período de 2020, quando a covid-19 parou o país.
A média diária de registros em abril foi de 8,8 mil enquanto um ano antes ficou em 2,8 mil. O estoque de 97 mil unidades, das quais 72 mil nas concessionárias e 17 mil nas fábricas, correspondem a quatro dias nas lojas e 17 nas montadoras.
A exportação caiu 7,9% em abril, com 33,9 mil unidades, e saltou 369% sobre as 7,2 mil do mesmo mês em 2020. Em valores, foram US$ 655,1 milhões, menos 5,2% sobre março e 359% a mais sobre os US$ 142,7 milhões do ano anterior. No ano, foram embarcados 129 mil veículos, com crescimento de 34,7% e valor de US$ 2,4 bilhões, 54,1% acima do US$ 1,6 bilhão no ano passado.
A Anfavea estima para este ano crescimento de 15% nas vendas, 25% na produção e 9% nas exportações.
Para o presidente da entidade, Luis Carlos Moraes, os números do primeiro terço do ano apontam que as projeções feitas em janeiro são factíveis de serem atingidas, salvo alguma situação inesperada no segundo semestre.
Números globais
Ao apresentar o balanço de abril e o resultado acumulado do ano, a Anfavea mostrou dados que apontam a distância do Brasil em relação a outros países exportadores.
Sétimo maior mercado global em licenciamento e nono em produção, só aparece em 26% na lista dos exportadores em valores, com US$ 5,8 bilhões em 2020. Países como Japão (US$ 114 bilhões), Coreia do Sul (US$ 43,2 bilhões), México (US$ 80,1 bilhões), Espanha (US$ 41,1 bilhões) e Índia (US$ 8,5 bilhões) vivem muito mais da exportação do que do mercado interno.
O Brasil já foi o sétimo na produção de 2011 a 2013, e em 2020 ficou na nona posição. O mercado brasileiro, quarto maior do mundo de 2011 a 2014, fechou 2020 como sétimo.
No ranking de competitividade, o Brasil está na penúltima posição entre os 18 países em desenvolvimento, à frente apenas da Argentina, de acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O aumento das exportações é crucial para o fortalecimento da indústria.
LUIS CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
O presidente da Anfavea defende a criação de uma política de exportação com medidas capazes de reduzir o custo Brasil, ampliação dos acordos internacionais de comércio e modernização e fortalecimento do sistema de financiamento às exportações.