O tanque de 18,8 litros da Honda CRF 1000l Africa Twin garante boa autonomia... quase sempre. Quem acelera forte precisa ter algum cuidado para não ficar parado na estrada, sobretudo quem carrega carona e os três topcase. Na viagem de 3,8 mil quilômetros de Porto Alegre até Río Hondo, no Norte da Argentina, a bigtrail da Honda mostrou comportamento interessante.
O motor bicilíndrico em V tem desempenho muito bom mesmo submetido a uma carga perto dos 190kg (máxima) recomendada pela fábrica - no teste feito pela reportagem, ela carregou cerca de 175kg.
Muitas rodovias argentinas têm placas de 130km como velocidade máxima. O controle das estradas é bem mais permissivo que o brasileiro no que diz respeito ao tema. É comum estar acima de 130km/h e, ao se chegar atrás de uma viatura que trafega um pouco mais devagar, o policial dar sinal (com as setas) para que o condutor o ultrapasse. A cena é corriqueira, inclusive com automóveis que circulam perto de 140km/h.
Veja uma tabela de como o propulsor respondeu:
As médias*
Velocidade (km/h) km/l
90 24,8
100 23
110 20,8
120 18,5
130** 16,1
*Obtidas com o modelo com três topcases e duas pessoas, com uma carga de aproximadamente 175kg. Quem viaja sem malas, sozinho, deve gastar pelo menos 15% a menos. os compartimentos laterais da moto prejudicam bastante, pois "seguram" muito o vento. Se puder usar só o baú traseiro, melhor. **Velocidade permitida em algumas rodovias argentinas. Quem "enrola o cabo" e anda perto do limite da moto fará menos de 12km/l, o que significa uma autonomia pouco acima de 200km.
Vantagem
Para quem anda de moto, há uma vantagem na imensa maioria das rodovias dos hermanos: mesmo nas menores, não há mato alto ao redor da pista. Dessa forma, a chance de um animal surgir do nada e cruzar a via é quase nula. E, de forma geral, na média o asfalto no território argentino é mais bem cuidado do que no Brasil.
– Já andei de Norte a Sul pela Argentina. Em se tratando de asfalto, nunca vi por lá um trecho tão ruim quanto o de Porto Alegre a Pantano Grande – exemplifica Humberto Lague, que acompanhou o teste a bordo de outra Africa Twin, porém sem os topcases laterais – apenas uma mala média presa no local onde normalmente é colocado um baú.
O agropecuarista gostou tanto da Africa Twin que acabou comprando uma devido à viagem – e colocou à venda um modelo de 1200cc que comprou recentemente. Em um especialista, fez para-brisa com defletor (coisa que a Honda não oferece) e já está marcando novas viagens com o modelo.
– A Africa Twin tem a força e o conforto de uma 1200 e a agilidade e capacidade off road de uma 800. Ganha muito em versatilidade – analisou.
Motor: OHC, 2 cilindros, arrefecido a líquido, com 999,1cc. A
Transmissão: seis velocidades
Combustível: gasolina
Tanque/Reserva: 18,8 litros/3,6 litros
Óleo do motor: 4,9 litro
Preço é incógnita
Quando lançou o veículo, no começo do ano, a Honda divulgou os valores de R$ 64 mil para a versão básica e R$ 74 mil para a que vem com o trio de topcases, protetor de motor, cavalete e para-brisa 30mm maior que o convencional. Este mês, porém, os preços caíram. A montadora não se pronunciou oficialmente, mas em Porto Alegre os valores ficam entre R$ 59 mil e R$ 69 mil. Uma concessionária do Paraná chegou a anunciar unidades básicas por R$ 54 mil, porém o lote terminou e, até ontem, não havia mais unidades de Africa Twin para vender na loja.
Ficha técnica
Dimensões (mm): comprimento, 2.334; largura, 932; altura, 1.47; entre eixos, 1.574; distância mínima do solo: 250mm; altura do assento, 870/850 (STD / LOW)
Peso seco: 212kg (versão sem acessórios)
Chassi: berço semiduplo
Suspensões: dianteira com garfo telescópico de 230mm e traseira pro-link (com ajustes) de 220mm
Freios: dianteiro com disco de 310mm e traseiro com disco de 256mm. O ABS da traseira é desligável, mas o da frente, não.
Pneus: dianteiro 90/90 (roda de 21 polegadas) e traseiro 150/70 (roda de 18 polegas), ambos com câmara