Apresentado no Brasil na semana passada, o novo Classe E 250 é o grande passo da Mercedes-Benz rumo aos carros autônomos. Cheio de tecnologia, mas sem abrir mão de motor forte e muita sofisticação, o sedã chega em três versões, com preços de R$ 309,9 mil (versão Avantgarde), R$ 319,9 mil (Exclusive) e R$ 325,9 mil (Exclusive Launch Edition, limitada a cem unidades e que possui como principal diferença as rodas de 19 polegadas, contra 18 polegadas dos demais).
Possibilidade de fazer o carro fixar-se entre as faixas e manter uma velocidade pré-programada já fazem, há tempos, parte do segmento dos carros de luxo. Mas os sete radares espalhados pelo veículo, além da câmera de ré e outros equipamentos, colocam o Classe E um passo à frente no que diz respeito à possibilidade de o carro, sozinho, resolver problemas nos quais o condutor se meteu – normalmente, por falta de atenção.
O sistema de reconhecimento de pedestres é notável. Mais de 10 mil figuras foram instaladas nos chips do Mercedes, que consegue diferenciar um animal e um humano. Quando detecta que uma pessoa está à frente do veículo (como alguém que, inadvertidamente, cruza o caminho), ele emite um sinal sonoro para o motorista frear. Se por algum motivo o condutor “congela” e não pisa no pedal, sozinho o sedã aciona o freio e, se estiver a até 70km/h, evita o atropelamento.
Mas e se for um animal de pequeno porte? O carro percebe e, de acordo com a montadora, por "razões de segurança", a opção é passar por cima e evitar uma possível colisão traseira, o que colocaria em risco a vida de humanos. Mas e se o motorista realmente quiser atropelar alguém? O instrutor de pilotagem da Matthias Berkwermert, trazido da Alemanha para passar explicações sobre o veículo, admite:
– Bem, nesse caso, o condutor é quem manda. Se ele não pisar no freio, o veículo seguirá andando.
Ideias absurdas à parte, as surpresas não param no Classe E. Numa estrada, o veículo percebe quando começa a sair das faixas laterais e corrige o caminho. Quando as faixas acabam, ele se guia pelo fluxo de trânsito – aliás, pode ser programado para seguir o carro da frente a até 210 km/h, mantendo uma distância capaz de parar sem colidir.
Permanentemente ligados, os radares informam a possibilidade de batidas e agem para evitá-las. Porém, se a colisão for iminente (um veículo por trás, por exemplo), numa fração de segundos o sedã se prepara para o impacto. Os bancos ficam mais retos, os cintos de segurança enrijecem-se e um sensor impede que o carro seja projetado para frente, a fim de evitar nova batida ou que seja arremessado de um barranco.
O sistema de estacionamento ajuda antes mesmo de as manobras começarem. Basta o motorista apertar um botão e o sedã começa a procurar uma vaga – horizontal ou vertical. Encontrado o espaço, ele faz as manobras, estaciona e desliga. Na Alemanha, já é possível, por meio de um aplicativo baixado no smartphone (por enquanto, só o Iphone), ligar o carro, fazê-lo sair da vaga e pegar o dono na porta do shopping ou do trabalho, em distâncias inferiores a 100m. A série de radares do veículo permite que ele não colida.
No Brasil, a tecnologia não tem data para ser disponibilizada – a Mercedes está consultando a lei brasileira para saber se há algum problema para usar o serviço. Até lá, os donos do Mercedes terão, ao menos, de gastar alguma sola de sapato até o local onde estacionaram.
Mais amplo e tecnológico
Comparado ao seu antecessor, o entre-eixos do Classe E aumentou 6,5cm e chega a 2.939mm. E o comprimento total passa a ser de 4.923mm, 4,3cm maior que o anterior. Apesar disso, o automóvel emagreceu 65kg devido à utilização de metais mais nobres. No teste de cerca de 100km por ruas do interior de São Paulo, além de alguns exercícios de demonstração em pista fechada, o veículo mostrou bons trunfos. O sistema Agility Control altera a altura da suspensão e a rigidez dos amortecedores de acordo com o modo de pilotagem escolhido – Eco, Sport, Sport+, Comfort e Individual, montado pelo condutor. As reações do motor, do volante e do câmbio também são alteradas de acordo com o modo escolhido.
A tela de 12,3 polegadas dá um show de resolução, mas alegando “questão de segurança”, os alemães abriram mão do sistema touch – o comando é feito por um tipo de mouse pad no console. O motor turbo de 211 cavalos funciona bem para a categoria, ainda mais porque o torque chega em baixíssimas rotações e o câmbio de nove marchas “conversa” bem com o propulsor.
As saídas de ar têm um ar retrô. O requinte no estofamento (melhor que o de automóveis mais caros) e o conforto são típicos, nem é preciso ver a estrela de três pontas na grade para saber que trata-se de um Mercedes-Benz.
Na apresentação do sedã, com orgulho os alemães enalteceram os faróis Multibeam, com 84 Leds de alta performance que agem de forma individual – iluminam o caminho com uma distribuição de luz que não ofusca os condutores que vem sem sentido contrário. Além disso, nas curvas, os radares do automóvel permitem que as luzes sejam enviadas na medida certa às placas, veículos e demais objetos da via. Como o teste foi feito no claro, não foi possível conferir o sistema.
Ícone da marca alemã, o Classe E surgiu em 1947, quando tinha motor a diesel de quatro ou seis cilindros. Na época, a montadora destaca a durabilidade do carro, que possuía estrutura de painel e janelas em madeira e bancos largos. Mas foi a segunda geração, surgida em 1953 e apelidada de Ponton que popularizou o Classe E, exportado para 136 países. Em 1962, o veículo ganhou a famosa traseira rabo de peixe e, pela primeira vez, passou a oferecer transmissão automática. A versão aposentada este ano surgiu em 2009 e tinha como destaque a excelente aerodinâmica, sobretudo na versão coupé. Com a versão 2017, a Mercedes espera estar entrando em novo momento da indústria.
As versões
Avantgard, R$ 309,9 mil – Ar automático com três zonas, direção elétrica, volante multifuncional, faróis em led, cinco modos de condução, câmara traseira, sistema de estacionamento automático, controle de cruzeiro com função de frenagem automática, keyless, monitoramento de fluxo cruzado com função de frenagem, monitoramento de pedestres, airbags frontais, laterais e de cabeça para os passageiros da frente e para o joelho do motorista, aletas no volante, display de 12,3 polegadas (conexão com android e Iphone) teto solar, rodas de liga leve 18”, monitoramento da pressão dos pneus, amortecedor de rigidez variável, alarme, iluminação ambiente multicor, fechamento remoto do porta malas, controle eletrônico de estabilidade, diferencial eletrônico, assistente de partida na subida, pré-carga de freio, sistema de secagem de pastilhas, função hold, sistema isofix, interior em alumínio e suspensão 15mm mais baixa que as demais.
Exclusive, R$ 319.9 mil – Adiciona interior Exclusive (acabamento em madeira e couto mais nobre) e pacote exterior Exclusive com rodas especiais, grade dianteira diferente, emblema no capô e friso cromado traseiro.
Launch Edition, R$ 325,9 mil – adiciona rodas de liga leve aro 19 e design exclusivo e cinco intensidade s de luz interna.
Ficha técnica
Motor: 1.991cm³, quatro cilindros em linha, com 211cv a 5.500rpm e torque de 35,6 kgf.m a 1.200rpm.
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada eletronicamente), com aceleração de 0 a100 km/h em 6,9s
Câmbio: 9G-Tronic
Suspensões: dianteira (independente, tipo McPherson e com braços triangulares) e traseira (multilink) – ambas têm mola helicoidal, amortecedor ativo e barra estabilizadora
Peso: 1.615 (kg)
Rodas: 18 polegadas (na versão Exclusive Launch Edition, 19)
Porta-malas: 540l
Tanque: 57l
Dimensões (mm): comprimento, 4.923 ; largura, 1.852; altura, 1.474