Muita gente torceu o nariz quando a Audi anunciou, no ano passado, que deixaria de importar o A3 1.8 montado na Europa para fazer em São José dos Pinhais (PR) uma versão 2.0 turbo. O mimimi ficou ainda mais forte no momento em que a montadora definiu que abandonaria o câmbio de sete marchas para colocar um de seis. Quase um ano depois, os resmungões devem estar constrangidos: o carro brasileiro é muito melhor, em todos os aspectos.
Impossível não falar, logo de cara, do principal diferencial do sedã: o motor. O propulsor alcança agora 220 cavalos (eram 180) e tem ronco mais grosso, típico dos propulsores turboalimentados. Ajudado pelo alto torque, tem respostas mais firmes – de 0 a 100km, conforme a fábrica, o tempo baixou para 6.9s, 0,9s a menos que o modelo 1.8. O que parecia ser o calcanhar de Aquiles do veículo se tornou um dos trunfos para o ótimo desempenho. A Audi manteve o sistema de dupla embreagem, só que o torque maior obrigou os engenheiros a usarem um sistema mais robusto que a transmissão de sete velocidades. Optaram pelo mais antigo (e durável) câmbio de seis marchas. E, por ser banhado a óleo, ele eliminou os ruídos típicos da transmissão antiga, seca.
Em qualquer um dos cinco modos de pilotagem (Individual, Efficiency, Auto, Dynamic e Comfort) funciona melhor que o antigo. Muito melhor.
Suspensão para desempenho
Diferentemente do modelo 1.4, que teve a suspensão recalibrada para ficar mais alto, o 2.0 não mexeu na altura e manteve o sistema multilink na traseira. A decisão foi perfeita para quem procura desempenho. Em curvas, mesmo em alta velocidade, o A3 tem comportamento de esportivo. Mas isso tem um preço: não espere um carro extremamente macio. Para garantir que o veículo mantenha-se estável mesmo acima dos 200km/h, ou em curvas fortes, os alemães deixaram a peça bastante rígida. É preciso alguma cautela para não cair nos buracos mais fundos das vias urbanas.
Para acessar os equipamentos eletrônicos, tudo é muito intuitivo e à mão, desde o volume do sistema de som ao navegador. No teste, o veículo fez entre 9km/l e 9,7km/l na cidade e entre 9km/l e 10,9km/l na estrada – dependendo do modo selecionado e da força no acelerador.
FICHA TÉCNICA
Motor: 2.0 Turbo FSI, com quatro cilindros em linha, transversal, 220cv entre 4.500 e 6.200rpm e torque de 350 Nm entre 1.500 e 4.400rpm
Transmissão: S tronic de seis velocidades e trocas na manopla ou na aleta atrás do volante. A tração é dianteira
Suspensões: tipo McPherson independente na dianteira e multilink semi-independente na traseira
Freios: discos ventilados na frente e sólidos atrás, com ABS e EDA
Dimensões (mm): comprimento, 4.456; largura, 1.796; altura, 1.416; entre-eixos, 2.637
Porta-malas: 425 litros
Peso: 1.320 kg
Tanque: 50 litros
Rodas: 17 polegadas, com pneus 225/45
Desempenho: 0-100 km/h em 6,9s (aferido pela Redação) e velocidade máxima de 250km/h
Preço: R$ 148 mil (no Estado, em uma promoção sem tempo definido feita pela concessionária Eurobike, o preço está R$ 142 mil). O pacote Assistance Plus, com acionamento sem chave, controle de cruzeiro adaptativo, câmera de ré, assistente de luz alta (não ofusca) e Active Lane Assist (informa o condutor se o carro estiver saindo da faixa) encarece o veículo em R$ 20 mil.
Crise? para o A3, não chegou
Com os novos Civic e Cruze top de linha, Honda e Chevrolet querem entrar na briga no concorridíssimo mercado de sedãs médios entre R$ 120 e R$ 150 mil. O alvo é justamente o Audi A3, cujos números de venda, em relação ao ano passado, caíram bem menos que a média do mercado nacional.
Em junho, de acordo com a Fenabrave, o carro da Audi emplacou 537 unidades e foi o quinto mais vendido – superou o Renault Fluence (215) e o Nissan Sentra (414), que custam bem menos e, ao longo do ano, aparecem na frente no ranking. É verdade que, por enquanto, nenhum deles faz sombra ao líder Toyota Corolla, que emplacou incríveis 31.891 unidades em 2016, 5.417 apenas em junho – bem mais do que A3 (2.317), Sentra (4.181) e Fluence (2.554) no semestre todo.
Números à parte, a Audi investe em melhorias em seu sedã para deixá-lo cada vez mais atraente para quem gosta de veículos emocionantes – e tem dinheiro para comprá-los. Prova disso é a reforma no subchassi, feito em peça única e em alumínio, assim como os mancais. O conjunto é seis quilos mais leve que os similares de aço. A direção elétrica é outro ponto voltado à esportividade. Como o motor é montado diretamente na cremalheira, não consome energia quando o carro anda em linha reta. A força de assistência varia de acordo com a velocidade do veículo.
Principais itens de série
Versão Ambition – ar-condicionado digital e automático de duas zonas, direção elétrica, trio elétrico, banco do motorista com ajuste elétrico, bancos de couro, computador de bordo com visor colorido, controle de cruzeiro, retrovisor interno fotocromático, teto solar panorâmico, volante multifuncional com aletas para trocas de marcha sequenciais, retrovisores externos com sistema de rebatimento, seletor de modo de pilotagem, faróis de neblina, freio de estacionamento elétrico, start-stop, faróis bixenônio e central multimídia (rádio MMI, sound system e music interface) com bluetooth, vidros laterais e traseiro com isolante térmico, lanternas traseiras em LED, acabamento das soleiras das portas em alumínio, frisos decorativos brilhantes. No quesito segurança, destaque para os controles de tração e estabilidade, airbags frontais, laterais e de joelho e sensor de ré. As rodas são de 17 polegadas.