Grande parte dos ricos interessados em uma SUV opta por marcas da Alemanha (Mercedes e BMW) ou da Inglaterra (Land Rover). Mas há ainda aqueles que, mesmo fazendo questão de ter acesso ao que existe de melhor na indústria automotiva, querem uma marca mais exclusiva para se diferenciar dos amigos ou, então, para não ostentar frente aos ladrões. É de olho nesse público que está a Lexus, uma divisão de luxo da Toyota que, na semana passada, apresentou a nova versão do RX-350.
A meta para este ano é encontrar 700 endinheirados dispostos a investir ao menos R$ 337,4 mil (a versão F-Sport custa R$ 353 mil) para ter o veículo. No primeiro semestre, de acordo com a empresa, cerca de 250 foram trazidos do Canadá ou do Japão, as duas fábricas do veículo no mundo. Em relação ao modelo anterior, a Lexus fez algumas melhorias. A mais notável delas no motor, que com a mesma capacidade cúbica pulou de 279 para 305 cavalos de potência. Trata-se da quarta geração da SUV, cuja importação ao Brasil começou em 2012.
A capacidade do porta-malas também foi aumentada e pulou para 521 litros – a anterior tinha 460l. Para aguentar o peso total, que supera 2,5 toneladas, os coxins do motor foram reforçados. Diferentemente dos rivais de mesmo porte, o Lexus não oferece dois bancos extras – o carro tem capacidade para cinco pessoas. A tela multimídia faz a de alguns concorrentes parecer um visorzinho insignificante. São 12,3 polegadas, com altíssima definição de imagem.
No teste oferecido à imprensa nas estradas de São Paulo, o veículo mostrou que é tarefa árdua encontrar pontos fracos. Os japoneses colocaram o que existe de melhor em tecnologia, com assistentes de parada, descida e subida. A tampa do porta-malas é elétrica, um detalhe que alemães e ingleses (além de carros nacionais) muitas vezes deixam passar.
Propulsor é força bruta
O propulsor empurra com vontade o gigante, ajudado por um câmbio bem escalonado. Mas, ao contrário da tendência das fábricas japonesas, o RX não utiliza tecnologia inovadora no propulsor. São seis cilindros e muita força do modo mais tradicional possível, sem auxílio de motores elétricos. Bem ao estilo americano – coincidência ou não, o público americano é o grande alvo da Lexus.
Logo de cara, o excesso de comandos intimida um pouco o condutor. Mas em minutos tudo vai ficando mais fácil. Os quatro modos de pilotagem (normal, ECO, Sport S e Sport S+) são bem definidos. No ECO, até o ar-condicionado fica mais fraco para melhorar o consumo de combustível. Já o Sport S+ deixa o veículo com torque semelhando ao dos esportivos de ponta.
FICHA TÉCNICA
Motor: 3.5L, 6 cilindros em V, DOHC 24V, gasolina, 305 cavalos a 6.300rpms e 38 kgf.m a 4.700rpm
Câmbio: automático de 8 velocidades com modo sequencial (shiftronic), shift gate e Super ECT. A F-Sport tem ainda borboletas no volante. A tração é integral 4x4
Suspensões: dianteira tipo MCPherson, com molas helicoidais; na traseira, a ação é independente e com sistema multilink
Rodas: liga leve de 20”
Pneus: 235/55
Freios: quatro discos e sistemas ABS, EBD e BAS
Dimensões (mm): comprimento, 4.890; largura (com espelho retrovisor), 1895mm; altura (teto), 1710mm, entre-eixos, 2790mm; vão do solo, 194mm
Porta-malas: 521 litros
Direção: Eletroassistida progressiva
Tanque de combustível: 72 litros
Peso: 2.575kg
Consumo: no teste, foram cerca de 9,1km/l na estrada e 7,4km/l na cidade
Preços: a versão RX, R$ 337,4 mil. A RX F-Sport, R$ 353 mil
AS VERSÕES
RX 350, R$ 337,4 mil –Banco do motorista com regulagem elétrica, retrovisor interno anti-ofuscante (eletrocrômico), retrovisores externos com regulagem elétrica, sistema antiembaçante, indicadores de direção, memória e recurso Tilt Down, Paddle shifts (troca de marchas) no volante e na palanca, lanternas de LED, trilho para rack no teto, volante multifuncional (controle de áudio, computador de bordo, telefone e controle de velocidade de cruzeiro), ar-condicionado digital integrado dual zone, frio e quente, acabamento interno com revestimento em couro (com partes de couro e material sintético) detalhes do volante, manopla de transmissão, painel central, console central e portas, freio de estacionamento eletrônico, sistema de áudio com rádio AM/FM, DVD player, CD-R/RW, MP3 e WMA + 8 altofalantes, 1 subwoofer e 4 tweeters, sistema multimídia com tela de LCD de 12,3” com GPS, televisão digital (DTV), computador de bordo com cinco funções: consumo instantâneo, consumo médio, autonomia, velocidade, média e temperatura externa, entrada para conexão USB (2) e conexão auxiliar (1) compatível com IPhone e IPod, comando elétrico para abertura e fechamento do porta-malas, console com porta-copos e porta-objetos nas portas dianteiras, Bluetooth (acesso pelo sistema multimídia Lexus) com microfone e amplificador, smart entry nas quatro portas.
Versão RX 350 F-Sport, R$ 353 mil – acrescenta banco do passageiro com regulagem elétrica, acabamento interno de alumínio (detalhes do porta-luvas, pedaleiras em alumínio), Carregador sem fio para smartphones (wireless charger), teto panorâmico e gade frontal em forma de colmeia.
COMPORTAMENTO MULTIFUNCIONAL
No teste, o veículo da Lexus mostrou muita versatilidade. na hora de acomodar passageiros e bagagens, tem espaço de causar inveja a qualquer SUV. E, na hora de pilotar, não tem problema em desenvolver um comportamento esportivo. Claro que o principal responsável é o motor potente. Mas tem mais.
O comportamento dinâmico é surpreendentemente bom para um veículo de tal porte. Ao contrário de outros grandalhões, RX 350 não chacoalha ao estilo “barca”. Mais do que suportar bem os buracos e oscilações, o carro vai bem nas frenagens. O movimento da carroceria é bastante controlado e previsível. A suspensão filtrou muito bem as irregularidades na cidade, e na estrada se mostrou firme, permitindo contornar curvas em altas velocidades sem sustos. Nada mal para um modelo de mais de 1,9 tonelada.
A Lexus cita como principais rivais os alemães BMW X5 (que custa a partir de R$ 394.950 mil na versão xDrive35i) e Mercedes GLE 350 (movido a diesel e com preço inicial de R$ 335,9 mil), além do tecnológico Volvo Xc90, que parte de R$ 334.950.
JAPONESES APOSTAM NO ATENDIMENTO
Não é pela beleza nem pelo conforto que os japoneses querem atrair clientes. O que a Lexus anuncia é o conceito Omotenashi. Na tradução literal do japonês para o português, a palavra significa boas-vindas. Mas, de acordo com o presidente da Lexus no Brasil, Koji Kondo, trata-se de algo bem maior.
– Nossa proposta não é apenas vender carros, é proporcionar uma experiência diferente de qualidade de serviços aos nossos clientes – disse, com esforço para falar em português, na semana passada, durante a apresentação do veículo em Ilha Bela, no litoral paulista.
Segundo a J.D.Power and Associates, empresa que analisa a aprovação de empresas automotivas perante os clientes, a Lexus é campeão há cinco anos. Grande parte se deve ao atendimento pós-venda.Presente no país desde 2012, a Lexus, atualmente, tem representantes em 12 cidades. Apesar da crise dos últimos dois anos, a marca aumentou as vendas em 90% entre 2013 e 2015.