Ao voltar todos os holofotes para o Onix, a Chevrolet deixou de investir em um ótimo carro que tinha tudo para fazer muito sucesso em um dos segmentos que consegue driblar a crise do setor automotivo, o dos SUVs. Trata-se da Trailblazer, uma grandalhona cheia de recursos e praticamente desconhecida do grande público. A versão top, com motor a diesel de 200cv e incrível torque de 51 kgf.m, custa R$ 190 mil. Muito? Pode ser, mas concorrentes como a Land Rover Discovery (R$ 232 mil) e o Volvo XC60 (R$ 247 mil) são mais caros e vendem mais: a SUV inglesa emplacou no ano 2.177 unidades, e a sueca, 1029. Apesar de toda a representatividade no Brasil, a GM só emplacou 496 Trailblazer.
Estratégias de marketing à parte, o SUV de sete lugares da Chevrolet surpreende pela boa qualidade de pilotagem. Apesar do tamanho e das mais de duas toneladas, sua direção é firme – bem diferente da versão 2015, devido a um acerto geral feito pela montadora, que mexeu nas suspensões e até no coxim do motor para melhorar o efeito de ¿barca¿. O motor, o mesmo que equipa a S10, demora bastante para perder o fôlego. O torque permite excelente arrancadas e também retomadas entre 80km/h e 120km/h. O pacote tecnológico é ótimo no que diz respeito à condução. O veículo possui assistente de subida e de descida e um muito bem-vindo aviso de que há alguém ao lado – se um veículo está a menos de 50cm, à esquerda ou à direita, um sinal amarelo acede no retrovisor para avisar o motorista. Excelente para um veículo que tem mais de 2m de largura.
Eletrônica boa, elétrica nem tanto
Mas o cuidado que a GM teve na parte eletrônica faltou na parte elétrica. A montadora colocou itens caros, mas deixou de lado o acionamento elétrico da porta traseira e o rebatimento automático dos retrovisores. Duas peças baratas que fazem falta no dia a dia. Ao contrário das concorrentes, a Trailblazer também não tem mimos como borboleta para troca de marchas no volante e regulagem elétrica da profundidade do volante.
No visual, para 2017 o SUV melhorou muito. O farol dianteiro ficou mais retangular e invade a parte lateral. As rodas de 18 polegadas ganharam novo desenho, mais moderno e esportivo. De acordo com a fábrica, ao todo o veículo recebeu 50 inovações para 2017, a maioria no interior. O acabamento do habitáculo foi praticamente todo revisto, com melhora no isolamento da cabine – a barulheira do motor terminou. Com a reestilização, a GM tenta recuperar o mercado do qual abriu mão.
FICHA TÉCNICA
Motor: 2.8L turbo diesel LTZ, com 200cv a 3600rpm e torque de 51,0 kgf.m a 2000 rpm. Há ainda a versão a gasolina, com um 3.6 V6 de 277cv a 6400rpm e torque de 35,7 kgf.m a 3700rpm
Câmbio: automático de seis velocidades, com possibilidade de trocas manuais na alavanca.
Tração: traseira, com possibilidade de 4x4 e 4x4 reduzida, ambas por acionamento eletrônico
Suspensões: dianteira independente com braços articulados, molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores hidráulicos pressurizados. Traseira com 5-Link, molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores hidráulicos pressurizados
Rodas: em alumínio, de 18 polegadas – o estepe é de 16 polegadas e em aço. Os pneus são radiais 265/60
Consumo: no teste, foram cerca de 7,3km/l na cidade e 9,1km/l na estrada
Freios: quatro discos e sistema ABS
Dimensões (mm): comprimento, 4887; largura (com espelho retrovisor), 2132; altura (com bagageiro), 1844, entre-eixos, 2845; vão do solo (medida da Redação, não informada pela montadora), 194
Porta-malas: 235l com os sete bancos montados. Com os dois de trás rebatidos, 878l. Com a segunda e a terceira fileiras rebatidas, são 1830l
Direção: elétrica, por correia
Tanque de combustível: 76 litros
Peso: 2.161kg
Preços: a versão LTZ sai por R$ 190 mil. A gasolina, R$ 160 mil
TAMANHO E FORÇA DE MAMUTE
Durante oito dias e cerca de 350km rodados em estradas e nas vias urbana, o SUV da Chevrolet teve mais aspectos negativos do que positivos. O melhor deles foi a facilidade para guiar. Apesar do tamanho, ela é mais fácil de manobrar que alguns veículos menores. A direção elétrica, outra novidade da versão 2017, permite manobras fáceis – não é preciso ir para frente e para trás como em outras grandalhonas do gênero.
Alguns vão analisar que os 200cv não são suficientes para empurrar o ¿mamute¿ de 2,5 mil quilos. Mas não é bem assim. Em termos de potência, ela perde para SUVs premium como a Lexus RX 350, que tem 305cv – e custa mais de R$ 350 mil. Porém, o segredo da GM está no altíssimo torque de 51 kfg.m. Ele faz o veículo arrancar com energia. O fôlego só começa a faltar quando a velocidade já está proibitiva devido aos pardais espalhados por todos os cantos.
Um ponto que a GM deve melhorar para a versão 2018 é o freio, item do qual a montadora pouco fala quando o assunto é Trailblazer. São quatro discos (na frente e na traseira), mas a funcionabilidade é bem inferior quando comparada a de concorrentes do mesmo peso e tamanho.
Mudanças estéticas agradáveis
Já a tração 4x4 é muito fácil de ser usada e serve para tirar a SUV de boa parte dos atoleiros. O veículo não tem ângulos tão apropriados quanto um jipe para encarar o off-road, mas a altura do solo é muito boa e os pneus dão para o gasto – quem quiser se aventurar em terrenos mais complicados tem a opção de engatar a marcha reduzida, mas o ideal seria colocar "sapatos" mais apropriados.
O para-choque traz apêndices aerodinâmicos nas extremidades emoldurando as luzes auxiliares, e uma espécie de peito de aço, no centro, logo abaixo da moldura da placa, reforçam o estilo musculoso do carro. Por onde passa, o SUV chama atenção pela beleza e pelo tamanho – em geral, todos os outros condutores, mesmo o de SUVs, ficam em um patamar bem mais baixo.
Na cabine, os materiais estão mais agradáveis ao toque, enquanto os painéis de instrumentos e de portas foram remodelados para trazer melhor ergonomia. Outra novidade é que pressionando o botão da esquerda no retrovisor central, o usuário aciona, por comando de voz, serviços como os alertas de velocidade, chamar o serviço de assistência mecânica ou ainda iniciar a navegação de um destino cadastrado no aplicativo do OnStar.
Pressionando um botão no retrovisor interno, o motorista é conectado a uma central com atendimento humano que oferece serviços como pesquisas rápidas na internet, reservas e informações sobre situações de tráfego (vias alagadas ou bloqueadas).
– Esse conjunto de mudanças ajuda a reforçar a percepção de que o Trailblazer está maior e bem mais requintado – diz o diretor de Design da GM, Carlos Barba.
PONTOS FORTES
LANTERNAS – Bipartidas, as traseiras ficaram bem mais bonitas que as da versão anterior e, numa posição bem alta, facilitam a vida dos veículos que estão atrás. A transmissão automática permite trocas manuais na própria alavanca (não há borboletas no volante) e a mudança para tração 4x4 é por um botão simples.
RETROVISORES – No canto direito dos retrovisores externos, na parte de cima, uma luz amarela pisca quando algum objeto está a menos de 50cm do veículo - além disso, há um aviso sonoro. Na foto abaixo, dá para perceber que espaço é que não falta para o veículo de quase 5m de comprimento e 2m de altura.
PRINCIPAIS ITENS DE SÉRIE
Versão LTZ – seis airbags, alerta traseiro de tráfego, navegação via celular, mapeamento eletrônico do motor, LED na traseira, limitador de velocidade, conexão para ipod (com entrada auxiliar e conexão USB), alerta de saída de rota, bluetooth, sensor de colisão, freio auxiliar em rampas, sensor de ultrapassagem, aviso de colisão avançado, ativação por voz inclui telefone e inclui sistema de navegação, distribuição eletrônica de frenagem (EBD), controle de estabilidade, bússola, sistema de navegação com 3D e voz, ar condicionado com saída traseira, bancos em couro, alarme, faróis de neblina, controle dos faróis com sensor de luminosidade manual, luz no porta malas, piloto automático com sensores de distância, tomada com saída 12v na área de carga, dianteira, traseira e 3ª fileira de banco, volante inteligente (controle de som, telefone e piloto automático). O computador de bordo tem com velocidade instantânea, consumo médio, velocidade média, autonomia, consumo instantâneo, cronômetro, temperatura externa, monitoramento pressão dos pneus e de várias partes do motor, indicador de pressão baixa no pneu. O sistema de entretenimento tem MyLink com Tela LCD sensível ao toque de 8 polegadas, navegador integrado, integração com smartphones, radio, entrada USB e Aux-in, função audio streaming, conexão Bluetooth para celular, câmera de ré e cinco alto falantes.