A publicação do jornal espanhol Sport que coloca como plano do ex-jogador Ronaldo o de ser presidente da CBF e contratar Pep Guardiola para a Seleção Brasileira é uma bomba, ainda que o verdadeiro efeito seja bem retardado. É cedo para se falar na sucessão de Ednaldo Rodrigues, mas é sempre bom lembrar que ele já foi destituído pela Justiça e nela buscou sua recondução ao cargo. A verdade é que há muito existe um movimento para que ele cumpra, no máximo, seu atual mandato e saia fora da entidade. Só que uma simples especulação com o nome do Fenômeno coloca de cabeça para baixo o processo de uma eleição que só acontecerá em março de 2026.
Pensar em Ronaldo presidindo a CBF está longe de ser um delírio. O ex-atacante é hoje uma figura importantíssima nos negócios e na política do futebol mundial. Sua presença junto à Fifa não é apenas como estrela em eventos festivos. Ele é empresário, e grande. Suas manobras recentes incluíram a compra e venda do Cruzeiro de Belo Horizonte com a recuperação financeira do clube e um lucro na casa dos 200 milhões de reais. Na última Copa do Mundo, no Catar, o Fenômeno estava sempre lado a lado com os gigantes da gestão futebolística global. Desejar ser dirigente de uma confederação que funciona como uma empresa milionária é absolutamente natural.
Falar que Ronaldo quer colocar Guardiola na Seleção Brasileira talvez seja o que menos importa. O tal pacto relatado pelo jornal espanhol pode estar tratando uma brincadeira de amigos como o ponto fundamental de algo que é maior. Mas não é de duvidar também. No Catar, ele disse que gostaria de ver Ancelotti, Abel Ferreira ou José Mourinho comandando o Brasil. O certo é que, numa hipotética candidatura à CBF, Ronaldo usaria de seu prestígio para romper com um modelo conservador em que as federações mandam mais do que os clubes. Certamente haveria, ou haverá, jogo pesado nisto até no que diz respeito a dinheiro e benefícios.
É interessantíssimo pensar, até que ele desminta, em Ronaldo dirigindo a CBF. Podem apostar que estamos diante de alguém que entende muito mais do negócio futebol do que todos os nossos ainda "cartolas" que atuam no Brasil. Não seria apenas a Seleção que sofreria um impacto sensível. Mudanças certamente seriam implantadas no calendário e na relação com os clubes, quem sabe até lá organizados em uma ou mais ligas, mas com uma boa dose de harmonia. Falar em "revolução" no futebol brasileiro pode soar como exagerado. Deixemos por uma "mudança fenomenal".