Para quem pensa que Fernanda Garay é única referência gaúcha na seleção brasileira de vôlei feminino, deixe um pouco para José Roberto Guimarães. Embora nascido em São Paulo, o treinador do Brasil é apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul. Ao encerrar a entrevista após a vitória sobre o Quênia, ele fez questão de aproveitar o microfone da Rádio Gaúcha e mandou a seguinte mensagem:
— Um abração para o Rio Grande do Sul. Eu sou fã dos Centros de Tradições Gaúchas. Amo de paixão. Acho que estas raízes são importantes para nosso país e nossa gente. Aquilo é um exemplo para todos os brasileiros do que é cultura e tradição, reverenciando nossos antepassados. Quando vejo uma manifestação dos gaúchos, sinto o maior orgulho e me emociono.
Convidado para abrir um espaço no seu calendário e conhecer as comemorações da Semana Farroupilha, em setembro, não pestanejou:
— Eu vou mesmo. Será um imenso prazer.
Susto na entrevista
A derrota das brasileiras Ana Patrícia e Rebeca para a dupla suíça, que tirou o vôlei de praia feminino do Brasil das Olimpíadas, chamou a atenção por uma atuação fraca de Ana. Ela cometeu erros pouco comuns e mostrava por vezes pouca sintonia com a parceira.
A explicação veio após a partida. A jogadora disse que não sabia como tinha aguentado até o final, pois se sentiu mal em função do calor que baixou sua pressão e a desidratou e causou hipoglicemia. A situação foi tão flagrante que, quando falava para a Rádio Gaúcha depois da partida, Ana Patrícia interrompeu uma resposta em função do mal-estar, dizendo que não estava passando bem.
Rebeca completou a entrevista, enquanto a companheira se sentou no chão na sombra e recebeu atendimento médico e uma garrafa de bebida isotônica. Ainda que se dizendo melhor, a atleta saiu da zona mista em cadeira de rodas.
Bonitinho, mas ordinário
A cada dia se detectam problemas no transporte olímpico. Antes dos Jogos, a organização criou um aplicativo com todas as informações para deslocamentos, incluindo linhas de ônibus, horários e tempo estimado dos deslocamentos.
O problema, porém, acontece na execução. Houve muitas mudanças que não foram atualizadas. É comum se achar o indicativo de uma linha e seu ponto de embarque na página virtual e saber depois que ela deixou de existir. Buscar explicações com os japoneses não adianta nada.
A número 1
Antes das Olimpíadas, tinha-se em Simone Biles a grande estrela do evento. Pois ela deixou os Jogos confirmando a expectativa, mas de maneira absolutamente inesperada. Em vez da coleção de medalhas esperada, a ginasta norte-americana fez história não competindo e alertando para as consequências psicológicas que o estresse do esporte de alto rendimento pode causar.
O aplauso de pé em sua única final por aparelhos e na última medalha olímpica mostram a reverência merecida a um grande ídolo. Para os brasileiros, fica de Biles a manifestação de apreço, admiração e incentivo para Rebeca Andrade dada à Alice Bastos Neves na Rádio Gaúcha. Um mito olímpico se despediu das provas em grande e surpreendente estilo.
Ouro sem brilho
As semifinais do futebol masculino refletiram o que foi o torneio até agora. Foram dois jogos feios, que ainda castigaram o torcedor com o tempo suplementar. Não se viu bom futebol entre as seleções olímpicas. O Brasil chega com mais força para conquistar seu segundo ouro porque tem jogadores de maior qualidade, experiência e status. Os espanhóis se conhecem mais, mas passaram por dificuldades durante a campanha.
O conjunto do time de André Jardine deixa a desejar, como até era previsível, mas tem o peso de um Richarlison, de Dani Alves ou dos meio-campistas já cascudos, apesar de jovens. A final era a esperada, mas não se alimenta a expectativa de um jogaço. O importante é o ouro, mesmo que ele não seja reluzente.
Medalha de Ouro — Martine Grael e Kahena Kunze — Depois de Adhemar Ferreira da Silva e da seleção de vôlei feminino, as velejadoras entraram na história olímpica brasileira com duas medalhas de ouro consecutivas.
Medalha de Lata — Competições abertas ao meio-dia — A organização dos Jogos Olímpicos não pensou no bem-estar dos atletas ao marcar disputas, inclusive finais, em horários de temperatura máxima em Tóquio. Atletismo, vôlei de praia e canoagem são apenas três exemplos de modalidades onde já se viu a necessidade de atendimento médico por queda de pressão ou desidratação de competidores.