Está interrompida a quebra de paradigmas no futebol do Inter. O treinador contratado para romper com padrões históricos e promover mudanças ainda não conseguiu implantá-las. Como ninguém no Beira-Rio pode garantir que isto vá acontecer a tempo de evitar novos insucessos e o comprometimento nas tabelas de Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil, a pressionada diretoria resolveu encostar na comissão técnica para pedir uma mudança de rota, que nada mais é do que um retorno a padrões que deveriam ter sido abandonados.
Indiretamente, o Inter está pedindo, ou ordenando, para que Miguel Ángel Ramírez mude sua maneira de pensar e executar o futebol em sua equipe. Isto seria até compreensível, desde que não se estivesse pedindo coisas diferentes daquilo que é a característica pela qual o técnico foi contratado.
Estão pedindo para o treinador ser mais convencional — ele, que foi buscado exatamente para romper com este padrão. Esta contrarrevolução desvirtua claramente a ideia original, talvez escondendo uma autocrítica que jamais será admitida, de que o clube não teve o que esperava de seu comandante de campo.
Fazer Ramírez jogar de uma maneira que não a que ele propõe desde o início de sua ainda curta carreira e que o caracterizou é desistir, pelo menos momentaneamente, da quebra de paradigma.
Isto não significa dizer que a diretoria esteja errada. O resultado do trabalho em três meses é que não anima. Fica a dúvida se Ramírez, seus métodos e sua doutrina tática eram tão conhecidos assim por quem o contratou.
A impressão é de que não se sabia bem quem estava vindo para o Beira-Rio. Fazer o técnico reconsiderar suas convicções é pregar algo semelhante ao que vinha sendo feito. Para isto, não precisava tê-lo buscado.