Os próximos dias serão decisivos para o futuro do Inter. Depois da goleada sofrida em Fortaleza, a segunda-feira (7) foi de reuniões para definir os próximos passos e buscar soluções para a equipe. De forma prática, será feita uma espécie de intervenção para garantir uma flexibilização no modelo de jogo do técnico Miguel Ángel Ramírez. Só assim, no entendimento da cúpula colorada, será possível colocar o time de volta nos trilhos para brigar por coisas grandes em 2021.
A continuidade de Ramírez no comando colorada está assegurada, ao menos, até a quinta-feira, quando a equipe enfrenta o Vitória-BA, pelo jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil (na ida, 1 a 0 para o Inter). A direção do clube gaúcho entende que não é o momento, às vésperas de um jogo eliminatório, para fazer uma alteração de rumo. Além do mais, ainda acredita que o treinador espanhol conseguirá dar a volta por cima. Mas, para isso, terá de fazer algumas mudanças.
Após a derrota na Arena Castelão, o vice de futebol do clube, João Patrício Herrmann, afirmou que havia "ajustes" a ser feitos internamente. O dirigente garantiu, ainda, que o técnico não é "inflexível" e que se mostrava disposto a ouvir opiniões divergentes. Portanto, é de se esperar que o time se apresente de outra forma nos próximos jogos. Claro que a ideia central, do chamado jogo de posição, será mantida. Mas a equipe precisará mostrar mais consistência defensiva e ser mais objetiva no ataque.
— Respaldamos demais este elenco. É função nossa cobrar o trabalho, e ele está sendo cobrado. Ajustes serão feitos, sim. O clube vive um momento de mudança importante. De forma alguma vamos mudar a comissão, tumultuar o ambiente e deixar os atletas instáveis — pontuou Herrmann.
Dentre as mudanças esperadas para dentro de campo está a consolidação de um time titular. Assim, seria possível repetir escalação e aperfeiçoar o modelo de jogo. Trocas pontuais por lesões e desgaste físico ocorrerão, mas a ideia é de que preservações de diversos atletas juntos, como no jogo diante do Fortaleza, não sejam mais vistas. Ramírez, inclusive, admitiu que errou na estratégia e assegurou que o convívio com os dirigentes colorados no dia a dia é benéfico para o seu trabalho.
— Conversamos bastante. Temos uma relação muito próxima e de ajuda mútua. Algumas coisas que não vejo que erro, eles me ajudam. Me dizem para ir por aqui ou por ali — disse o técnico.
Ainda é discutida internamente a possibilidade de jogadores com ambiente desgastado junto à torcida perderem espaço. Atletas como o goleiro Daniel e o volante Johnny devem ganhar mais oportunidades, desbancando Marcelo Lomba e os volantes Rodrigo Dourado e Lindoso.
Uma das principais preocupações da direção do Inter é de que o time siga em evolução. O vice de futebol colorado, João Patrício Herrmann, externou após o jogo contra o Fortaleza que o "modelo parou de evoluir".
Para que a curva volte a ascender, o respaldo foi dado. Restará a Ramírez e aos jogadores darem uma resposta dentro de campo. Se isso não ocorrer já na quinta-feira, o treinador passa a ficar com o cargo a perigo.
Pressão para chegada de coordenador técnico
A pressão sobre Ramírez fez com que a direção colorada se aproximasse ainda mais do treinador, seja para cobrar algumas mudanças na equipe e uma maleabilidade no modelo de jogo ou para dar apoio e garantir a sequência do trabalho. Neste ponto, a cúpula do clube é cobrada para que se busque um coordenador técnico. Essa era, inclusive, uma promessa de campanha do presidente Alessandro Barcellos, que até agora não foi cumprida.
No organograma do clube quando Barcellos foi eleito, esse cargo estava previsto e ficaria subordinado ao diretor-executivo de futebol, Paulo Bracks. Seria a ponte entre os dirigentes e o vestiário, auxiliando também na relação entre a comissão técnica e o grupo de jogadores. À época da eleição, os nomes de Pedrinho, comentarista do Grupo Globo, e de Tinga, ex-jogador e ídolo colorado, circularam como possíveis indicados ao cargo, mas não houve avanço nas tratativas.
— Isso pode ajudar, já que a comissão técnica tem outra cultura, fala outra língua. Mas as pessoas precisam ter paciência, porque os percalços vão existir. O treinador de futebol não trabalha com uma pessoa, é um grupo, que tu precisas convencer e organizar. Isso não acontece de uma hora para outra — defende o ex-lateral e ex-técnico Cláudio Duarte.
Há resistência interna a essa contratação. Porém, a pressão de alguns grupos políticos pode pesar para que esse profissional seja buscado.