Ao chegar no Grêmio, o técnico Tiago Nunes foi visto como uma possível solução para a instabilidade de Jean Pyerre. Por conhecer o jogador desde os 15 anos, ter amizade por ele e pela família e saber de seu grande potencial, o treinador mostrou boa expectativa em reabilitar o meia para ser figura central de sua equipe.
A impressão é que os problemas de concentração e falta de regularidade no comprometimento do atleta estariam resolvidos. Os primeiros jogos sob o novo comando mostraram algum progresso, mas a fatalidade de mais uma lesão muscular impede o técnico de pôr em ação seus planos.
Para o problema na coxa direita, a mesma que foi vitimada pela grave lesão de 2019 e com outra no ano passado, não tem Tiago Nunes que resolva. Todas as expectativas do treinador em criar um modelo de jogo baseado na alta capacidade de seu meia foram por água abaixo.
Por mais que os médicos sejam veementes em dizer que a gravidade não é a mesma das outras ocasiões, o problema é sério e remete até a dúvidas quanto à capacidade física do atleta e uma possível fragilidade muscular naquela região. Não há técnico que fique seguro em projetar esquema em meio a tanta inconstância.
A goleada sobre o Aragua não é base para nada no que diz respeito à avaliação para projetar o futuro, mas a colocação de Darlan como volante avançado, como se fosse um meia, é sintomático de que Tiago Nunes passou a garimpar um homem de articulação em seu elenco.
A confirmação por parte da diretoria de que as contratações momentaneamente estão encerradas não é uma boa notícia. Com Pinares machucado, tentar alternativas como a efetivada contra os venezuelanos é uma necessidade. Outra provavelmente seja acelerar a maturação do garoto Pedro Lucas, que já faz trabalho de reforço no desenvolvimento físico.
Ainda que tenha admiração pelo futebol e carinho pela figura de Jean Pyerre, Tiago Nunes já viu que há obstáculos que o impedem por tempo indeterminado de fazer do meia seu centro de time. Não é de se duvidar que, conhecedor profundo como é do atleta, o treinador já tenha mudado sua estratégia. É bem provável que o novo comandante tricolor venha a bater na porta da diretoria pedindo para mudar um pouco o discurso sobre contratações. Trata-se de uma necessidade.