Embora sempre se espere que o futebol se decida dentro das quatro linhas e através do talento dos verdadeiros artistas, não se pode ignorar que o ambiente externo é ingrediente por vezes importantíssimo.
Diante do desafio de enfrentar um clube poderosíssimo pelo time que tem e pela influência política que exerce fora de campo, o Inter, através do presidente Alessandro Barcellos, se posicionou numa defesa prévia de seus interesses quanto a possíveis fatos além do gramado protagonizados pelo Flamengo. Houve resposta quase que imediata por parte do vice do clube carioca, Marcos Braz. Coube ao vice colorado João Patrício Herrmann dar uma tréplica. Chegou o momento de um basta na polêmica, pelo menos pelos lados do Beira-Rio.
O que pode ser chamado de tomada de posição por parte da diretoria do Inter teve uma boa repercussão junto à torcida, e o fato de haver uma resposta flamenguista mostra algum efeito. Já, a segunda manifestação colorada, fica no limite.
Não houve nenhum absurdo no que disse João Patrício Herrmann, mas a hora é de evitar que se cria um bate-boca que nada ajudará o clube. Vale a lembrança de uma infeliz iniciativa surgida no Beira-Rio, anos atrás, com a confecção de um DVD com imagens de supostos benefícios para o Corinthians em meio a uma decisão. O título em disputa foi corintiano, a história do DVD virou meme e até hoje os colorados ouvem gozações a respeito.
O recado colorado está dado. Levar adiante discussões extra-campo pode criar um clima que invada o vestiário e isto é uma temeridade. Por mais experiente que seja Abel Braga como comandante, o elenco do Inter é muito mais jovem e inexperiente do que o do adversário.
Não há lugar para perturbações que não sejam as da bola rolando para os jogadores. Na cabeça dos atletas a pauta precisa estar ligada a questões táticas, enfrentamentos individuais e a mobilização natural de uma decisão histórica. Qualquer motivação exageradamente colocada por fatores externos pode se tornar prejudicial.