Depois de ter encerrado a carreira de jogador, Paulo César Tinga diversificou suas atividades, não ficando restrito ao futebol. Ele chegou a trabalhar como gerente no Cruzeiro, onde foi campeão da Copa do Brasil.
O ex-volante fez cursos e nunca descartou seguir atuando na área de gestão, passando a ser especulação permanente em tempos de transição diretiva no Inter. Mais uma vez, o nome do ex-meio-campista surge como possibilidade de integrar uma nova administração do departamento mais importante do clube como profissional.
Antes do primeiro turno da eleição presidencial colorada, dois grupos políticos procuraram Tinga para conversas e diagnósticos informais, sem nenhuma sondagem para um futuro trabalho. Estiveram com o ex-jogador representantes do movimento Povo do Clube, derrotado com o candidato Cristiano Pilla, e da chapa liderada por José Aquino Flôres de Camargo, que estará na disputa final contra Alessandro Barcellos.
Tinga admite que segue no mercado do futebol por ser sua vocação — e no qual valoriza e mantém como aprendizado a experiência vitoriosa de mais de 20 anos como jogador e o recente início de carreira como gestor.
Ele, hoje, divide suas atividades em áreas surpreendentes pela diversidade, sendo sócio em uma agência de viagem, investindo em uma grife de roupas, sendo garoto-propaganda de empresa de instalação de fibra ótica, construtora e marca de tintas, além de ministrar palestras extremamente concorridas sobre liderança e desafios. Isto não o impede de seguir estudando, especialmente na área desportiva.
As procuras de candidatos a dirigentes colorados não é nova e não surpreende Tinga que, sem se precipitar a qualquer fato, repete algo que já comentou publicamente em outras oportunidades:
— Eu sei que um dia vou trabalhar no Inter, mas não quero que seja encarado como alguém que chega para salvar o clube ou que entra por favor. Estou sempre aberto a conversas. No passado, o (José Alfredo) Amarante e o (Luciano) David conversaram comigo, também sem compromisso. As pessoas me escutam. Eu moro a 10 minutos do Beira-Rio. Sou como qualquer outro.
Sobre o fato de ser colorado e seguir com sua paixão pelo clube, o ex-volante não quer atropelar situações e lembra de outros ídolos do clube que não tiveram tanto sucesso fora das quatro linhas:
— Nada se compara a ter saído da coreia (antiga acomodação popular do Beira-Rio), onde eu torcia nos anos 1980 e 1990, para um dia fazer um gol em final de Libertadores. Por melhor que eu venha a trabalhar no clube no futuro, o auge foi conquistado dentro do campo. Só que tudo tem de ser na hora certa e com o projeto certo. Já vi outros grandes nomes do Inter, bem maiores do que eu, terem problemas na hora de assumirem outras funções e não quero algo assim para mim.
O que Tinga mais preserva é sua equidistância do processo eleitoral. Ele garante que não recebeu nenhum convite e que não gosta de ídolos interferindo em eleições:
— Se quiser participar efetivamente da política, que se associe e vire conselheiro. Não tenho lado e não quero ser usado para influenciar nada. Apenas converso com as pessoas que me procuram e acho que quem quer comandar o clube deve consultar com pessoas como eu, como o Clemer ou como o Dunga, só para citar os que moram mais perto do Beira-Rio.
Sem que as chapas concorrentes à eleição presidencial revelem detalhes das possíveis composições do departamento de futebol, o nome de Tinga surge em especulações de bastidores e em boatos, sem que haja qualquer tipo de confirmação, a começar pelo próprio ex-jogador. Até que haja uma aproximação oficial, ele segue sendo um ídolo, mas antes de tudo um torcedor que está angustiado com o momento do clube. Caberá ao futuro dizer se haverá um reencontro formal — e quando ocorrerá.