O empate com o São Paulo não foi o melhor resultado para o Inter. A derrota para o Atlético-MG apenas deu sequência a uma série de jogos sem vitórias do Grêmio. O título do Brasileirão é praticamente impossível para a dupla Gre-Nal. Quem ouviu os treinadores após as partidas ficou com esta certeza. Eduardo Coudet e Renato Portaluppi foram transparentes, reconhecendo direta ou indiretamente que não há como administrar duas ou três competições em tempos de pandemia.
Os dois técnicos, sem se combinarem, reafirmaram que o grande favorito ao título brasileiro e o Atlético-MG, algo que é consenso no Brasil pelo fato do clube mineiro só ter uma competição para enfrentar com seu valorizado elenco. No caso de Coudet, o tom realista esteve acompanhado de um desânimo por conta da situação política do Inter, do grande número de jogadores com covid-19 e da reafirmação de que seu elenco é pequeno. Está clara a aposta colorada nas Copas.
Renato Portaluppi manteve sua postura forte ao colocar o Atlético-MG como obrigado a ser campeão brasileiro repetidamente. Fazendo isto, excluiu implicitamente seu time da luta pelo título, voltando a justificar pelo fato de que "outros gostariam de estar na situação gremista". A tradução disto é antiga: o Grêmio mais uma vez está priorizando a Libertadores e a Copa do Brasil porque sabe que o perfil de seu grupo e do comandante não é a da disputa por pontos corridos.
Louve-se a transparência nas manifestações. Não houve falsa humildade dos técnicos. Houve reconhecimento de limitação. Se estes limites da dupla Gre-Nal ainda não podem ser definidos no Brasileirão, está sendo descartada a busca do título. O que é preciso dizer, porém é que tais situações também passam por determinadas escolhas dos dois treinadores ou de falta de soluções táticas, outra responsabilidade de quem comanda. Foi real, mas não foi agradável ouvir Coudet e Renato.