Todos estão com saudades do futebol. Sentimos a falta da liberdade, estrategicamente desaconselhada e retirada em benefício do bem comum. Isto passará. Pode demorar, mas voltaremos às ruas, às praças e aos estádios, seja por entretenimento, paixão ou profissão. Entende-se a ânsia de volta a tudo que cheira normalidade, mas nada justifica precipitações.
O futebol carioca, através de sua federação, já projeta a volta dos jogos com portões fechados e com os envolvidos nas partidas sendo testados. O Maracanã e outros estádios teriam apenas estas pessoas, jogadores, profissionais de imprensa e da estrutura da partida, em número o mais enxuto possível, trabalhando pelo espetáculo.
É louvável o projeto, mas impossível de realizar, pelo menos agora. A proliferação do coronavírus obedece sua curva crescente em progressão geométrica no Brasil e o Rio segue na segunda posição em casos e óbitos no país.
Quem ouviu o virologista Fernando Spilki no Sala de Redação desta quinta-feira (9) na Rádio Gaúcha, teve muito clara a ideia de que, numa realidade ideal, de exames extremamente apurados, se poderá selecionar um grupo de dezenas de pessoas com a finalidade de assegurar um jogo de futebol.
Isto, porém, esclareceu o médico, é muito complicado de fazer agora, com a quantidade pequena de testes disponíveis no país e pela necessidade destas pessoas prestarem exames periodicamente. Ele ratificou que não se pode assegurar que as pessoas fiquem imunes ao coronavírus. Também previu, como forma de conselho, que a volta dos jogos seja com portões fechados, algo que já é previsto na Alemanha, onde a pandemia se mostra mais próxima de ser controlada.
Sigamos o doutor Spilki e o que diz a ciência. Não atropelemos os fatos e as ameaças, por mais que queiramos. A bola vai voltar a rolar, que seja logo, ou nem tanto, mas que se dê sem riscos, primeiro com os portões fechados e depois liberando geral, a saudosa normalidade.