Logo em sua primeira participação em uma Copa do Mundo Feminina, a seleção do Marrocos garantiu uma classificação histórica para a fase de oitavas de final. Além do desempenho esportivo, a zagueira Nouhaila Benzina deu um grande exemplo às mulheres de seu país: ela foi a primeira atleta a disputar o Mundial usando o hijab, parte da tradicional vestimenta mulçumana.
A utilização do véu, que cobre os cabelos, orelhas e pescoço das mulheres, é mais uma conquista representativa daquela que é considerada a Copa das Copas. A liberação do uso só foi permitida a partir de 2014, pela International Football Association Board (IFAB), órgão responsável pelas regras do jogo.
Antes disso, a política criada em 2007 vetava o uso da vestimenta alegando questões de "segurança e saúde". Em 2011, por exemplo, durante o torneio de qualificação para os Jogos Olímpicos de Londres, a equipe do Irã foi eliminada por W.O. para a Jordânia porque as jogadoras se recusaram a tirar o véu.
Um ano depois, foi concedido à Confederação Asiática um período experimental de dois anos para implementar o hijab nas partidas. Em 2014, após a pressão das atletas, enfim, houve a liberação para as competições internacionais.
A geração que impacta o presente e o futuro
Os resultados na Copa do Mundo, sendo a única entre as oitos seleções estreantes a avançar para o mata-mata, não é por acaso. Anfitriã da Copa Feminina das Nações Africanas, a equipe superou nas semifinais a Nigéria, considerada a melhor seleção de todas as edições da competição. A final foi contra a África do Sul e, apesar da perda do título, a história estava escrita: a primeira seleção árabe classificada para um Mundial Feminino.
Nos últimos anos, esta geração da seleção marroquina conquistou a medalha de bronze no futebol nos Jogos Africanos de 2019. Na sequência, conquistou o título do Campeonato Feminino da União Norte-Africana. Além disso, venceu a segunda edição do Torneio Internacional Feminino de Malta.
Sorteada no Grupo H, Marrocos não era visto como favorito em uma chave com Alemanha, Colômbia e Coreia do Sul. Apesar da goleada sofrida para a Alemanha por 6 a 0, na estreia, a equipe conseguiu a vaga na última rodada, deixando as alemãs de fora. As vitórias sobre Coreia e Colômbia selaram a classificação.
O próximo desafio será contra a França, no duelo eliminatório de oitavas. Mesmo não sendo favoritas, as marroquinas já fizeram história nesta Copa do Mundo. Além disso, a competição já nos provou que favoritismo não é sinônimo de resultado.