Antonio Brum, vice-presidente de futebol do Grêmio, afirmou que, para ele, Roger não é um ídolo. Chamou o ex-lateral de coadjuvante e o comparou com Bruno Cortez. A opinião do dirigente/torcedor é pessoal, mas na antevéspera do Gre-Nal revela mágoa e rancor, além de dar combustível ao nosso treinador.
Brum está no direito dele. Como disse, cada um sabe quem é seu ídolo. Não posso julgar o sentimento de um torcedor do Grêmio. Mas posso questionar, por exemplo, se Cacalo, um dos maiores dirigentes da história do rival, concordaria. Acredito que não.
Roger foi chamado de coadjuvante em um tom extremamente pejorativo, por um dirigente que, até aqui, não ganhou um grande título. Mas vamos pegar o exemplo de um dirigente vencedor já citado aqui, o Cacalo, que se caracterizou por ser provocador, sanguíneo, de fala forte nas grandes conquistas. Um protagonista como dirigente, mas que sempre soube exaltar os verdadeiros responsáveis por levantar as taças. Era comum ouvi-lo no Sala de Redação destacando o trabalho de Felipão, Paulo Nunes, Jardel...
O conceito de ídolo é subjetivo. Vai da opinião de cada um. Vou trazer o “debate” para o lado do Inter. No Sala, da última quinta-feira (17), falei sobre a importância de Edinho nas conquistas de Libertadores e Mundial do Inter. Um dia, Edinho resolveu jogar no Grêmio. Numa entrevista, disse que a goleada de 5 a 0 no Gre-Nal de 2015 foi maior do que todas as conquistas que teve no Beira-Rio.
Lógico que isso machucaria os colorados. Edinho foi “cancelado”. Nunca foi um ídolo como Fernandão, mas teve sua importância, que jamais será apagada por ter vestido a camisa do Grêmio. Falo por mim, mas nunca vi um dirigente do Inter “detonar” Edinho nos microfones.
Voltando ao que disse Brum. Ao meu ver, a fala do dirigente gremista serve de motivação extra para Roger Machado. Ontem mesmo, quando ele estava sendo chamado de coadjuvante e não de "ídolo”, eu estava com amigos em comum de Roger. Um gremista me confessou que nunca viu ele tão feliz — algo que já escutei nos bastidores do Inter. É natural que isso machuque alguns gremistas. É direito de todos se sentir assim. Mas expor isso na condição de vice presidente de futebol na antevéspera do clássico é tentar sair da condição de coadjuvante e assumir um protagonismo que não existe.
Por óbvio, Roger não é ídolo dos colorados. Chegou agora e mesmo que coloque o Inter na Libertadores do ano que vem não atingirá esse status. Embora o último treinador, mesmo sem ganhar nada, saiu daqui como ídolo de alguns.
Não basta um título gaúcho para que o treinador vire um ídolo. É preciso um título nacional ou intercontinental para que ele entre na galeria dos grandes. A galeria dos verdadeiros ídolos. Se isso ocorrer, tenho certeza que Roger será exaltado como ídolo. Vamos abraçá-lo e respeitá-lo como tal. Diferentemente do que Brum fez, chamando um campeão de coadjuvante e o comparado a Cortez.
Vem ser feliz aqui, perto do povo que vai te abraçar, Roger.