Sem Alan Patrick, Roger terá que escolher um novo capitão para o Inter. Mas, assim como número de camisa não faz craque, a braçadeira não transforma jogador em liderança.
Quando eu jogava bola, queria sempre escolher o número da minha camisa. O 10 era o número dos craques, por causa de Pelé, Zico, Maradona… Um certo dia, um treinador me avisou: “Não é a camisa que faz o jogador. O jogador que faz a camisa”.
De fato, quando eu jogava com a 10 o resultado era o mesmo de quando vestia a 18, por exemplo. Pouco futebol, independente dos números que balançava às minhas costas.
Alan Patrick veste a 10 do Colorado com justiça. É um dos últimos meias clássicos do nosso futebol. Mas a braçadeira de capitão não combina com ele. Não é líder! Pode até ter influência no vestiário, por ter trânsito com jovens, com os “cascudos" e com os estrangeiros. Mas não lembra nem de longe nossos grandes capitães.
Roger está procurando esse líder e sabe bem que não terá o poder de transformar a personalidade de ninguém. Fernando, pela experiência internacional, poderia ser o novo capitão? Tenho minhas dúvidas sobre a temperatura do sangue que corre nas suas veias. Mercado talvez tenha esse “sangue quente” que precisamos. Mas não é sequer titular absoluto.
Rochet está demonstrando que o sangue charrua pode estar carregado de um DNA de líder. Não se conforma com a derrota, cobra e orienta os companheiros. Eu daria a faixa de capitão a ele.
Ainda assim, entendo que estamos carentes de lideranças que não precisam de braçadeira. Jogadores que se incomodam com fracassos e que demonstrem isso com ações internas que signifiquem muito mais que um empurra-empurra com o adversário após uma derrota.
A braçadeira tem que estar no braço de alguém, mas ela não dará superpoderes para quem a carregar.