Um dos grandes defeitos dos técnicos de futebol é a teimosia ou a insistência em convicções próprias que não dão resultado. Podem perder, serem eliminados de competições, mas, via de regra, eles não abandonam tais ideias. Geralmente, o caminho é o mesmo: a demissão. Eduardo Coudet fez diferente e conseguiu em pouco tempo dar a volta por cima e devolveu a confiança e a esperança aos colorados.
Verdade que ele insistiu demais em um modelo que não deu títulos ao Inter, apesar de ter um alto aproveitamento em pontos somados nos jogos disputados em 2024. Mas, quando precisou dele para chegar ao título gaúcho, naufragou.
Eu falo sobre a formação com Alan Patrick de segundo atacante, fora da posição de origem dele e também da sepultada saída de bola de três, com Renê sendo o armador do time. Funcionou em alguns jogos, o Inter jogou bem e até encantou, mas não nos deu o que mais desejamos: caneco.
Contra Bahia e Palmeiras apareceu uma virtude que separa os técnicos teimosos dos vitoriosos. Coudet não foi cabeça-dura. Deixou as convicções de lado e resolveu fazer diferente.
No jogo do Beira-Rio, começou com dois centroavantes, no intervalo viu que não funcionou e partiu para um esquema que ainda não havia utilizado. Podem chamar de 4-3-3 quando ataca ou 4-1-4-1, quando defende, com dois pontas (Wesley e Wanderson) abertos. Resultado? Boas atuações e duas vitórias consecutivas na largada do Brasileirão.
Mas o maior elogio que faço a ele não é nem o resultado gigante conquistado contra o poderoso Palmeiras, e sim o que tanto pedi no início da semana: postura de campeão. Ao escalar um time agressivo, com um meia ofensivo, dois pontas e um centroavante, na casa do atual campeão brasileiro, Coudet mandou uma mensagem aos adversários e aos colorados. Não estamos no campeonato a passeio. Vamos jogar contra qualquer time, dentro e fora de casa, sempre buscando a vitória.
Coudet sabe que levantar uma taça é urgente e colocou as convicções e a teimosia de lado em nome deste objetivo. Fiz cobranças fortes após a eliminação para o Juventude e o empate contra o Tomayapo. Mas após uma semana de acertos em tomadas de decisão e, claro, de vitórias, ele merece nosso aplauso. Vamos juntos, Coudet!