“Desistir” não é o verbo certo para explicar o recente movimento do homem mais poderoso do mundo. O debate com Donald Trump, dia 27 de junho, marcou o começo do fim da candidatura de Joe Biden à reeleição. Ele estava confuso. Sua voz soava trêmula. Seus movimentos, inseguros. Biden abriu mão da disputa influenciado por pressões externas. Queria continuar. Não conseguiu.
O enredo dessa história nos leva a refletir sobre a relação entre idade e aptidão para o trabalho. A vida oferece desafios e oportunidades diferentes à medida que os anos passam. É um processo natural. As alterações cognitivas e sensoriais que vêm com o tempo não dizem tudo sobre um ser humano. Adolf Hitler, quando chegou ao poder, tinha 44 anos. E discursava muito bem. Era rápido, ágil e preciso com as palavras.
Em vez de focar no que uma pessoa idosa não consegue fazer, mais justo seria valorizar as habilidades e experiências que podem ser canalizadas para o benefício da sociedade
O etarismo, preconceito contra a idade, afeta milhões de pessoas, privando-as de oportunidades. É um sentimento muitas vezes internalizado tanto pelos jovens quanto pelos próprios idosos. Nossa sociedade tende a ver a idade avançada como sinônimo de incapacidade, ignorando o vasto conhecimento, a experiência e as contribuições valiosas que a passagem dos anos oferece.
De fato, cada indivíduo tem um caminho único, desde o seu nascimento. Em vez de focar no que uma pessoa idosa não consegue fazer, mais justo seria valorizar as habilidades e experiências que podem ser canalizadas para o benefício da sociedade.
O etarismo ignora que muitas competências florescem justamente na maturidade. A paciência, a capacidade de ver o quadro geral e a espiritualidade, por exemplo, tendem a ser aprimoradas ao longo da vida. Conhecimento a gente compra. Sabedoria, não.
Em vez de ver a idade como um obstáculo, precisamos valorizá-la como um ativo. Todos nós, tomara, enfrentaremos os desafios do envelhecimento. Nossa tarefa é construir uma sociedade que reconheça e celebre as contribuições de cada fase da vida, garantindo que todos, independentemente da idade, possam viver com dignidade e propósito. Que a História julgue Joe Biden pelos seus atos, jamais pela sua idade, que, intencionalmente, não foi citada neste texto.