Maya acorda pelas seis e meia da manhã. Do jeito dela, nos chama. Não é choro, nem resmungo. É daqueles sons que pais e mães entendem, mas não explicam. Entro no quarto e ela está em pé, no berço. É o primeiro sorriso do dia, não importa como tenha sido a noite. E noites de bebês nem sempre são tranquilas. Acendo a luz. Ela franze os olhinhos. Aviso: “O papai já volta”. Corro para a cozinha e despejo 210ml de água filtrada na mamadeira. Vinte segundos de micro. Sete medidores de leite em pó. Atarraxo o bico. Sacudo, misturo tudo e retorno rapidamente ao quarto. Quando Maya vê a mamadeira – e também pela volta do papai, espero – abre o segundo sorriso da manhã.
Sento na poltrona e deito-a no meu colo. Rapidamente, ela esvazia o recipiente . “Fez um tudo-tudo!”, celebro, em voz alta. Mais um sorriso. Troco a fralda (também conhecida por dix, de fraldix), geralmente reserva cheia daquela surpresa que, antes de ser pai, eu pensava não suportar. Suporto e até gosto, porque sei que significa saúde e bem- estar. Hora de ir para sala.
Deixo a Maya brincando no tapete e preparo meu sanduíche. Chega o grande momento da manhã. “Café do papai!”, aviso em voz alta, como se fosse o apresentador do Moulin Rouge anunciando ao respeitável público o início do espetáculo. Maya interrompe o que estiver fazendo e me olha. Logo dispara na direção do meu colo, engatinhando e emitindo pequenos grunhidos de alegria. Guiando sua mãozinha, retiro da cafeteira a cápsula usada. Colocamos uma nova. O dedinho aciona o botão. “Vermelho, tem que esperar o verde”, ensino. A luz pisca por alguns segundos até mudar de cor. Conduzo o bracinho na direção da alavanca que aciona o fluxo de água. “Brrrrrrrrrr”, o motor começa a funcionar. Maya arregala os olhos, feliz. O fio escuro e fumegante que sai do bico da cafeteira enche a pequena xícara. “Café do papai!’, anuncio, solene. O aroma se espalha pelo apartamento.
Devolvo a Maya ao chão, porque líquidos quentes não combinam com bebês. Dou o primeiro gole. Fico pensando em quanta coisa eu não fico pensando enquanto tudo isso acontece. Ligo o computador e escrevo esse texto, com a Maya de volta ao meu colo, tentando dedilhar as teclas. Às vezes, ela consegyyhbvyhnbdecfnh jnu bg n urv.