A jornalista Juliana Bublitz colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço
No ano em que completa um século, o Palácio Piratini é um símbolo, não só do poder e de seus meandros, mas da importância da preservação e valorização do que é nosso. Quantas vezes sonhamos em conhecer lugares longínquos e nos deleitamos ao adentrar prédios históricos no exterior? E quantos de nós, de fato, já conhecem a sede do governo do Estado do Rio Grande do Sul?
Lançado para marcar o jubileu do prédio no centro de Porto Alegre, o site do palácio (palaciopiratini.rs.gov.br) é um achado. Desde maio, a página vem recebendo um acervo multimídia valioso, que reproduz cada canto da propriedade em minúcias.
O trabalho não só honra o bem público, como permite que, mesmo longe da Capital, todos possam vê-lo, inclusive em um tour virtual - uma alternativa às visitas presenciais, retomadas em agosto. Nas redes sociais, o esforço para popularizar o local inclui apresentações artísticas e vídeos sobre temas variados, com novidades a cada semana.
— A gente está tentando aproximar o palácio das pessoas, tirar um pouco aquela sensação de algo intocável — resume o coordenador da comissão especial do centenário, Mateus Gomes.
Em fotografias, é possível, por exemplo, ver detalhes da antessala do gabinete do governador, que guarda murais do pintor italiano Aldo Locatelli. Pode-se observar, também, a famosa fonte egípcia, no jardim da ala residencial, e os carros oficiais históricos, como o Stutz Car 1928.
Além de pratarias e porcelanas, há na coleção um curioso telefone dourado, fabricado para Borges de Medeiros, primeiro a ocupar o lugar, em 1921. Tudo isso de graça e ao alcance de um clique.
Testemunha
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado em 1986, o Palácio Piratini testemunhou momentos marcantes.
Foi dali, em agosto de 1961, que o então governador Leonel Brizola liderou a campanha da Legalidade, movimento de resistência que garantiria a posse do vice-presidente da República João Goulart após a renúncia intempestiva de Jânio Quadros. Celebrar os cem anos do palácio é manter a memória viva.