A jornalista Juliana Bublitz colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço
Prestes a entregar a presidência do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Leany Lemos carimba a trajetória de 11 meses à frente da instituição pública com uma marca histórica: na sua gestão, o BRDE criou um programa de crédito exclusivo para empreendedoras, apoiou a aceleração de startups femininas e se tornou o primeiro organismo de fomento do país a receber o selo Women On Board.
Apoiada pela ONU Mulheres, a distinção é concedida a companhias com, no mínimo, duas executivas no Conselho de Administração. Pouco mais de 60 empresas do Brasil têm esse reconhecimento, uma forma de estímulo à participação feminina em funções de comando. No BRDE, elas são três no conselho (de sete membros) e respondem cerca de 30% dos postos de liderança.
Primeira mulher a comandar o banco sexagenário, a ex-secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão do Estado cuidou pessoalmente da abertura de uma linha específica de financiamento para elas. Em seis meses, a linha atingiu 403 operações, somando R$ 106 milhões.
No Rio Grande do Sul, até setembro, foram 53 contratos, com a liberação de R$ 43 milhões em empréstimos - uma média de R$ 810 mil por transação. O dinheiro ajudou empresárias de diferentes setores, em especial do comércio, dos serviços e do agronegócio.
— Quando chegou a semana da mulher, em março passado, eu disse: gente, não tem esse negócio de dar florzinha, não. A gente tem de entregar é crédito. Fizemos isso, vencemos a desconfiança e provamos que as mulheres são participantes ativas da comunidade de negócios e contribuem para o desenvolvimento. Apoiar o empreendedorismo feminino significa inserção social e mais riqueza e renda para todos — diz a presidente.
A iniciativa também favorece o próprio banco, já que boas práticas de governança são essenciais para a captação de recursos fora do país. Não custa lembrar: o BRDE é uma instituição financeira pública de fomento, controlada pelos três Estados do Sul, com autonomia financeira e administrativa. Só em 2020, aplicou R$ 3,3 bilhões na economia da região, com crescimento real de 28,5% em relação a 2019.
Aos 51 anos, Leany ficará no cargo até o fim do mês. Depois disso, seguirá atuando como diretora até o início de 2023. O novo presidente será Wilson Bley Lipski, do Paraná. Lipski é o atual vice-presidente e diretor de operações da instituição.