Um gaúcho embarca para Tóquio no dia 8 de agosto em busca de um feito inédito: a conquista da quarta medalha de ouro consecutiva em uma Paralimpíada, que será realizada entre os dias 24 do mês que vem e 5 de setembro. Ricardo Steinmetz Alves, o Ricardinho, tem 32 anos e nasceu em Osório. Foi eleito três vezes o melhor jogador do mundo de futebol de 5, disputado por jogadores com deficiência visual. Ao longo da carreira, subiu ao lugar mais alto do pódio em Beijing, em Londres e no Rio de Janeiro.
Conversei com ele por telefone, logo depois de um treino no Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. Ricardinho afirma que os jogos de Tóquio serão uma incógnita e que é difícil falar em favoritismo depois que a pandemia mudou a rotina do mundo.
— Nós, da seleção brasileira, já conseguimos botar a parte física em dia e agora estamos aperfeiçoando os aspectos técnicos — explica.
Na bagagem, além da vontade de conquistar o quarto ouro, Ricardinho planeja levar um violão e os apetrechos do chimarrão, para “dar uma mateada entre um jogo e outro”.
Ricardinho ficou cego aos oito anos, mas nunca desistiu de fazer o que mais gostava. Graças a um primo, com o qual jogava mesmo sem enxergar, descobriu que, se a bola estivesse dentro de um saco plástico, o ruído ajudava a saber para onde ele deveria correr e de que forma deveria chutar. No futebol de 5, a bola tem uma espécie de guizo, cujo som orienta os jogadores. O craque adulto não se cansa nunca de convidar a criança para brincar. Esse, certamente, é um dos segredos do seu sucesso.