Imaginemos que Jair Bolsonaro parasse de xingar os comunistas, a China, o Sergio Moro, o STF, o Felipe Neto, o primeiro-ministro da França e o uso da máscara. O que sobraria? Pouco. O presidente não entende de economia. Não entende de gestão pública. Não entende de meio ambiente. Não entende de ciência e tecnologia. Se Bolsonaro tem um mérito, é a consciência das suas limitações e a absoluta sinceridade ao falar sobre elas.
Ciro Gomes acerta ao afirmar que a crise política do Brasil não foi inventada por Bolsonaro. Ela é, majoritariamente, resultado do fracasso moral do PT e de seus aliados insaciáveis de propinas e de poder. Bolsonaro era o homem errado na hora certa.
Sem radicalização, bravata e inimigo poderoso, Bolsonaro não existe. E é por isso que não mudará. E é por isso quanto mais brigar com Lula, maiores as suas chances de reeleição. Ele precisa de 25% de eleitores fieis no primeiro turno e de vacinas, que estão chegando. Atrasadas, mas chegando. Até 2022, os que sobreviverem estarão protegidos. Resta saber se, entre os possíveis efeitos colaterais da imunização, está a perda seletiva de memória.