Jair Bolsonaro ainda tem uma grande força eleitoral. Mesmo que seus índices de popularidade mostrem tendência de queda nos últimos meses, o presidente do Brasil conta, de acordo com o Datafolha, com a simpatia de 54% dos eleitores. Destes, 24% consideram seu governo muito bom e ótimo e outros 30% avaliam a gestão como regular. Vale lembrar que esses índices são registrados no pior momento econômico da pandemia, com mais de 430 mil mortos, redução do auxílio emergencial e desemprego recorde.
Os cenários são voláteis e ainda falta muito para a eleição. Mas, analisando perspectivas totalmente possíveis de se concretizarem, a tendência é de melhora. A vacinação avança, não apenas do Brasil, onde patinou graças à omissão oficial, mas nos EUA, na China, maiores economias do planeta e nossos grandes parceiros comerciais. Já se fala em “euforia pós-covid”, com os preços das commodities nacionais, como soja e minério de ferro, batendo no teto.
Some-se a isso o crescimento de Lula nessas mesmas pesquisas, o que empurra conservadores, liberais e antipetistas na direção do, pelo menos até agora, único nome capaz de enfrentá-lo em um segundo turno. O centro, mais uma vez, patina, sufocado pelo avanço dos polos e pela incapacidade de convergência em torno de um projeto único de enfrentamento à radicalização.
Contra Bolsonaro, pesam os 45% de reprovação ao seu governo, indicativo claro da polarização, já que esse índice é maior do que a avaliação “regular” que, em contextos mais equilibrados, tende a ser mais predominante. Há também a CPI da Covid e uma conta de mortos pela pandemia, infelizmente, ainda não fechada. Fatos novos surgirão até 2022 e muitas das variáveis são voláteis e imprevisíveis. Mas, olhando para o Brasil de hoje, o que se vê é um presidente ainda forte no cargo. Não é torcida. É análise de dados concretos, o que se faz fundamental para poder lidar com a realidade de uma forma objetiva e construtiva.