Quando o país inteiro investe tanta energia para tentar compreender uma decisão da sua Suprema Corte, existe aí um problema. A última palavra em um sistema legal deveria ser clara, simples e transparente.
Há lugares em que é assim. As decisões, mesmo quando objeto de embates internos, são apresentadas à sociedade como “decisões da corte”, com pouco protagonismo individual.
No Brasil, o STF entrou de corpo e alma na política vulgar e corriqueira, pautando seus julgamentos pela árvore, e não pela floresta. Assim, semeia-se a insegurança, quando a única razão de ser da Suprema Corte é o contrário disso.
Entrevistas transbordantes de vaidade, holofotes, manifestações posicionadas nas redes sociais, egos inflados, motivações emocionais. Com exceções, mas com a todo contaminado. Importante frisar: esse texto não é contra o STF. Muito antes pelo contrário. É a favor. A favor de que o mais importante tribunal do Brasil honre seu papel constitucional, a favor de que a humildade do julgador seja novamente considerada uma virtude, a favor de que, na equação que move a corte, a Justiça ganhe mais relevância e politicagem, menos.