Aposta do governo de São Paulo, a vacina chinesa contra a covid-19 deve apresentar até quinta-feira os tão esperados resultados da sua terceira fase de testes. Com isso, o pedido de registro para uso emergencial no Brasil poderá ser encaminhado à Anvisa, que tem até dez dias para responder.
Nessa disputa pelo protagonismo da imunização, chama a atenção o fato de a CoronaVac ainda não ter registro definitivo nem na China. Isso ocorre justamente porque os resultados dos testes no Brasil, fundamentais tanto em quantidade quanto em qualidade, ainda não estão prontos. Atrasaram por dúvidas em relação à formatação da amostra, influenciada pelo grande aumento de casos em um único mês, o que, de acordo com o entendimento de alguns especialistas, poderia gerar uma distorção, já sanada, na projeção final dos percentuais de imunização. Por isso, é provável que os registros no Brasil e na China saiam praticamente ao mesmo tempo.
Embora nenhum pedido de registro tivesse chegado à Anvisa até quarta-feira, existe o temor, nos bastidores do governo Doria, de que a agência possa sofrer alguma tentativa de interferência política para retardar o registro da vacina chinesa em detrimento da de Oxford, a aposta principal do governo Bolsonaro. De fato, a falta de registro não é culpa na Anvisa, mas de uma combinação de fatores que passa por problemas dos laboratórios e, fundamentalmente, pela falta de agilidade e de interesse do governo brasileiro em ter a vacina em um contexto de forte demanda mundial pelo produto. Países que saíram na frente, com os da União Europeia e Israel, já estão imunizando as suas populações. Aqui, a lógica passa também por outras variáveis. Bater a foto aplicando a primeira dose no Brasil vai garantir aos protagonistas da imagem uma projeção gigantesca e importante do ponto de vista eleitoral.