Vem aí um novo capítulo de uma novela antiga. O abismo do qual se aproxima do transporte coletivo da Capital recolocou o futuro dos cobradores de ônibus no centro dos debates. Os custos salariais dessa categoria representam um peso relevante na tarifa. Hoje, existem formas de cobrança automáticas, que funcionam sem a necessidade de trabalho humano, que pode ser aproveitado em outras áreas.
Ciente dessa realidade, o prefeito eleito de Porto Alegre, Sebastião Melo, busca uma solução que garanta os empregos de quem hoje atua na função e, ao mesmo tempo, faça uma transição para um sistema mais barato, racional e eficiente. Melo pretende criar uma "escola de motoristas", a ser frequentada pelos cobradores que desejarem mudar de função. A ideia se completa com o compromisso de as empresas promoverem cobradores quando motoristas se aposentarem ou deixarem de trabalhar por alguma outra razão.
O prefeito Nelson Marchezan também tentou fazer uma transição que garantisse os empregos mas que fosse, gradativamente, acabando com a função de cobrador, que já não existe na maior parte das grandes cidades do mundo. A iniciativa não teve respaldo dos vereadores. Resta saber se Melo terá, agora, maior capacidade de convencimento e de articulação para resolver o grave problema social que a elevação descomunal da tarifa, o repasse de polpudos subsídios ou o colapso do sistema representaria para mais de uma milhão de moradores da Capital e da região metropolitana.