Não fará a menor diferença se Bolsonaro cumprimentar ou não Joe Biden. Nada mudará com esse gesto, que vem sendo cobrado como se um “parabéns” fosse mudar o que o presidente eleito dos Estados Unidos pensa sobre o colega brasileiro. Depois que tomar posse, Biden irá trabalhar para a consagração da irrelevância do clone tupiniquim de Donald Trump. As sanções pelo descaso com a Amazônia serão apenas um fragmento desse processo de fritura que já começou.
Por isso, Bolsonaro não merece tantas críticas por não enviar um e-mail cínico a Washington. O presidente brasileiro não está feliz e tem bons motivos isso. Perdeu o amigo fortão que legitimava seus devaneios.
Bolsonaro poderia ter sido o primeiro a cumprimentar Biden. Poderia ter mandado flores e uma cesta cheia de cloroquina embalada com uma fita verde e amarela. Biden sabe que manter os interesses comerciais americanos no Brasil é importante. Mas não terá o menor constrangimento em dar um peteleco no chefe de governo que teve a insana coragem de propor a Al Gore, um dos maiores defensores do combate ao efeito estufa, que brasileiros e norte-americanos explorem juntos a Amazônia.